David Neeleman, criador em série de companhias aéreas, tem feito uma longa gestação de sua nova “filha”, a Breeze Airways, mas pretendia começar a operar com a low cost americana ainda neste ano. O sonho de lançar mais uma empresa, no entanto, já foi postergado para 2021, como afirma seu próprio site.
Lançada oficialmente em fevereiro, a Breeze se valerá uma inédita estratégia de atuação no mercado que Neeleman apenas pincelou em várias entrevistas e declarações. Em resumo, o objetivo é criar uma companhia aérea “digital”, com poucos funcionários e processos simplificados que permitirão aos passageiros personalizar suas necessidades em um nível nunca visto. Com isso, acredita o empresário, será possível ter um custo operacional mais baixo que seus concorrentes.
O planejamento da malha aérea, ainda desconhecido, deve priorizar cidades de porte médio e que não são conectadas diretamente pelas grandes companhias aéreas como American, United e Delta Air Lines. Para isso, a Breeze utilizará uma frota mista de jatos novos A220-300, da Airbus, e aeronaves usadas da Embraer – 30 unidades de E195-E1 hoje que constam da frota da Azul, outra das suas companhias aéreas.
No entanto, o acordo entre as duas empresas, anunciado também no começo do ano, previa que a Azul enviaria os primeiros aviões ainda no primeiro semestre, mas o advento da pandemia do coronavírus afetou esse planejamento. Com isso, os jatos continuam estocados no Brasil e sem previsão de serem realocados para a Breeze a curto prazo, conforme resposta enviada pela companhia aérea brasileira: “O acordo de arrendamento com a Breeze continua valendo, mas as entregas estão, temporariamente, suspensas. Por esse motivo, nenhuma das aeronaves foi enviada para a companhia“.
Ao mesmo tempo, a própria Azul também tem revisto seus planos de modernização da frota que a levou a suspender as entregas do novo modelo E195-E2, antes considerado estratégico para permitir a retirada dos E195 de primeira geração, subarrendados não apenas para a Breeze como também a polonesa LOT.
Covid-19
As incertezas causadas pela doença na aviação comercial têm colocado em xeque a sobrevivência de centenas de companhias aéreas no mundo. Com a demanda de passageiros em baixa e a perspectiva de que as restrições de isolamento social seguirão ainda elevadas por algum tempo, além da ausência de tratamentos ou uma vacina, lançar uma nova empresa no mercado, ainda mais com uma proposta de baixo custo é um tremendo desafio.
Não é por acaso que Neeleman tem sido visto em seu perfil no Twitter mais preocupado com a pandemia do que em analisar o mercado de transporte aéreo. O empresário demonstra uma preocupação muito grande com o COVID-19, num sinal bastante claro de que o projeto da Breeze depende de mudanças cruciais no panorama atual.
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