O programa multinacional Eurofighter Typhoon pode ser encerrado antes do que se esperava. Com apenas encomendas suficientes para manter a linha de produção ativa até 2030, o caçaeuropeu depende de novos acordos para sobreviver até a chegada da 6ª geração de aeronaves de combate, prevista para 2040.
O temor de que o projeto está ameaçado foi compartilhado por Michael Schöllhorn, que acumula o cargo de presidente da Airbus Defence e também de CEO da associação da indústria aeroespacial alemã (BDLI).
O executivo havia previsto a “morte precoce” do Typhoon em uma conferência realizada em 13 de outubro, antes que surgisse o interesse da Arábia Saudita pelo rival, o Dassault Rafale.
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A Real Força Aérea saudita opera 72 Eurofighters há alguns anos e havia solicitado um segundo lote de 48 aeronaves em 2018.
No entanto, na época o governo alemão vetou o acordo por conta do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, atribuído à monarquia da Arábia Saudita. Mais tarde, o Reino Unido também impediu um acordo após ações militares do país no Iemen.
A situação, no entanto, mudou em meio ao conflito de Israel e o grupo palestino Hamas. A Arábia Saudita oficializou um pedido de proposta para a Dassault com o mesmo número de aeronaves e que deverá ser entregue até 10 de novembro.
Novo pedido até 2025
Há algum tempo, o governo britânico tenta convencer seu parceiro alemão a relaxar o embargo e permitir a venda dos Typhoons mas até agora não obteve sucesso.
Segundo Schöllhorn, é preciso que o projeto de atualização do caça conhecido como “Long Term Evolution” (LTE) seja concluído em 2024 para manter a aeronave relevante tecnicamente.
Ele também alertou que a data limite para que um novo pedido de caças seja fechado é 2025, caso contrário haverá a interrupção na produção do jato supersônico.
O Typhoon tem perdido várias concorrências para o Rafale e, além da Arábia Saudita, só é operado pelo Catar (que também adquiriu o Rafale), Omã, Kuwait e a Áustria.
O país europeu, no entanto, já sinalizou o interesse no F-35 dos EUA após a compra do Eurofighter ter causado um escândalo de corrupção.
Ironicamente, Reino Unido e Alemanha, parceiros no Typhoon, tornaram-se adversários nos programas de caças de 6ªgeração, com a Airbus se alinhando à Dassault e a British Aerospace se unindo à Itália e o Japão.