Caça Gripen da FAB: o que mudou no jato supersônico sueco

Conheça 5 diferenças do Gripen E brasileiro comparado ao antecessor, o Gripen C, utilizado em outras forças aéreas
O Gripen E brasileiro e o Gripen C, abaixo (Saab)

Nesta semana, após uma espera de quase 20 anos, a Força Aérea Brasileira (FAB) finalmente colocou em serviço os quatro primeiros caças Saab F-39 Gripen E operacionais. As aeronaves fabricadas pela empresa sueca Saab foram incorporadas ao 1º Grupo de Defesa Aérea, o Esquadrão Jaguar, que fica sediado na Base Aérea de Anápolis (GO).

A introdução do Gripen representa um enorme salto técnico e qualitativo para a FAB, que pela primeira vez em seus mais de 80 anos de existência passa a contar com um jato de combate realmente moderno. Até então, o Brasil só tinha experiências com caças defasados tecnologicamente, como são os atuais Northrop F-5EM Tiger II e outros exemplos do passado, dos arcaicos Gloster Meteor aos supersônicos Dassault Mirage III e Mirage 2000, adquiridos pela Aeronáutica em períodos em que já existiam opções mais avançadas no mercado.

O projeto do caça sueco, no entanto, não é exatamente uma novidade recente. O primeiro protótipo do Gripen voou em 1988 e mais adiante esse avião evoluiu para o JAS 39A (e B, o modelos para dois pilotos), que entrou em serviço na Suécia em 1996. Um ano depois, a Saab já tinha concluído a versão atualizada, o JAS 39C/D. A nova série E/F é, portanto, uma espécie de terceira geração da aeronave, dessa vez com mudanças profundas na estrutura e sistemas de bordo.

À primeira vista, o novo Gripen E parece uma cópia exata do modelo anterior, o Gripen C. Porém, como num jogo dos sete erros, são aeronaves diferentes em vários aspectos de design, embora sejam detalhes difíceis de perceber. Outras distinções entre as versões estão nas “entranhas” dos caças, onde vão instalados diversos sistemas eletrônicos de variadas épocas.

A evolução do Gripen

Conheça a seguir cinco diferenças do Gripen da FAB comparado a versão anterior do caça da Saab:

Fuselagem maior

Não parece, mas a fuselagem do Gripen E é cerca de 3% maior que a da versão anterior. Essa pequena diferença, no entanto, proporciona um tremendo ganho para a performance da aeronave, que carrega quase 40% a mais de combustível em tanques internos comparado ao modelo da série C.

A fuselagem do Gripen E é 1,1 metro mais comprida que a do Gripen C; diferença de envergadura das asas é de apenas 20 centímetros (FAB)

Segundo dados da Saab, o Gripen C tem alcance de combate de 800 km ou de 3.000 km em voos de traslado. A nova versão E, que leva mais combustível e tem um motor mais eficiente, alcança 1.300 km e 4.000 km nas mesmas condições.

O aumento da fuselagem para acomodar mais combustível também elevou o peso do caça na balança. Enquanto o Gripen C pode decolar com peso máximo de 14 toneladas, o Gripen E alça voo com 16,5 toneladas.

Trem de pouso reposicionado

Esse detalhe não é tão difícil de notar. A reformulação da fuselagem do Gripen se deu em parte pela alteração de posição do trem de pouso central do caça. No modelo C, o conjunto é recolhido para o centro da aeronave, na região da caixa de asa, enquanto as rodas centrais da versão E se escondem sob as asas.

Gripen C à esquerda e o Gripen E a direita: consegue encontrar as diferenças no trem de pouso?

Motor mais eficiente

Outra novidade importante do Gripen E é o motor mais potente e eficiente. A aeronave é impulsionada por um turbofan com pós-combustor RM16 fornecido pela General Electric. Esse propulsor é uma versão do GE F414 (empregado no Boeing F/A-18 E/F Super Hornet e no HAL Tejas, por exemplo) desenvolvida especificamente para o caça sueco.

Comparado ao motor do Gripen C/D, o Volvo RM12 (versão sueca do GE F404), o RM16 do Gripen E gera 25% a mais de empuxo. Com essa força extra, a nova versão do caça da Saab tem capacidade de cruzeiro supersônico. Isso significa que a aeronave pode voar na velocidade do som sem precisar acionar o pós-combustor.

SAAB Gripen E - Força Aérea Brasileira
O motor do Gripen E gera 25% mais empuxo comparado ao propulsor do Gripen C (SAAB)

Cockpit de última geração

Um recurso interessante do Gripen E é o painel de instrumentos com display panorâmico (WAD – Wide Area Display, no termo em inglês). Trata-se de um item de cockpit dos mais avançados da aviação militar, que reúne todas as informações de desempenho da aeronave e dados de sensores numa única tela, que pode ser configurada em vários formatos. Atualmente somente dois caças possuem esse equipamento: o novo jato da Saab e o Lockheed Martin F-35 Lightning II.

No Gripen C/D, os pilotos têm a disposição o clássico painel com três telas separadas, uma disposição que é empregada desde o surgimento dos primeiros caças com instrumentos digitais no começo dos anos 1980.

(Saab)
O painel WAD do Gripen E é fabricado pela empresa brasileira AEL Sistemas (Saab)

Especialistas comentam que o painel WAD usado no Gripen E melhora a chamada “consciência situacional” do piloto, que é a capacidade de perceber os elementos e eventos ambientais em relação ao tempo ou espaço. Em outras palavras, com apenas uma tela panorâmica, o aviador tira conclusões mais rapidamente, bem como acelera sua tomada de decisões.

Mais pontos para armamentos

Por fim, a melhor parte. O Gripen E conta com 10 pontos de fixação de armamentos nas asas e na fuselagem, contra oito do Gripen C/D. Esses cabides ainda podem servir para carregar sensores adicionais (como pods de FLIR e de guerra eletrônica) ou tanques de combustível externos. Essa mudança também ampliou o payload (carga útil) do novo caça comparado a versão anterior, que subiu de 5.000 kg para 6.000 kg.

Com qual míssil eu vou: o Gripen E é compatível com alguns dos sistemas de armamentos mais avançados da indústria (Saab)

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  1. O WAD foi introduzido por exigência da FAB, o projeto e primeiros Gripens E saiu com 3 telas. A Força sueca acabou por copiar a FAB e passaram a solicitar da SAAB que os Gripens E deles tambem usassem o WAD, que é de fabricação Brasileira

  2. O trem de pouso de nariz do Gripen E tem uma roda e o do Gripen C tem duas. Mas a grande dúvida que fiquei é: os F-39 da FAB terão o IRST??

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