Famosa pela neutralidade histórica, a Suíça terá de decidir se comprará novos caças norte-americanos, franceses ou de um consórcio que reúne várias nações europeias. Nesta quarta-feira, 18, a armasuisse, agência federal responsável pela gestão de armamentos, anunciou ter recebido novas propostas da Dassault (Rafale), Boeing (F/A-18E/F Super Hornet), Lockheed Martin (F-35A) e Airbus (Eurofighter Typhoon).
Trata-se da segunda etapa do programa Air2030, que prevê o investimento de até US$ 6,5 bilhões (cerca de R$ 35 bilhões) por um total de 36 a 40 caças de combate.
A encomenda passou por um raro referendo popular em setembro, quando a aprovação da compra venceu por margem mínima de 50,14% dos votos. Atualmente, a Suíça opera 30 caças F/A-18C/D além de 36 unidades do veterano F-5 Tiger II, já em fim de carreira.
Além dos aviões, o país também decidiu comprar um sistema de defesa aérea de longa distância que será objeto de disputa entre a francesa Eurosam (mísseis SAMP/T) e Raytheon (Patriot).
Cooperação
Entre os requisitos do programa Air2030 estão o fornecimento de logística e armamentos para os caças e a cooperação entre as forças armadas suíças e do país fornecedor da aeronave. A armasuisse também exige propostas de projetos de caças já em serviço, o que tirou da disputa o Saab Gripen E/F. A Suíça também condiciona o fornecimento dos caças à participação de empresas do país, para garantir sua autonomia.
Entre as participantes da concorrência, apenas a Airbus havia se pronunciado nesta quarta-feira. A fabricante revelou que o Eurofighter Typhoon oferecido à Suíça é sua versão mais avançada, a Tranche 4, também encomendada pela Alemanha dias atrás.
Caças alemães na Segunda Guerra
A empresa costurou um acordo com o governo alemão para ser parceiro no projeto caso o Typhoon seja escolhido, envolvendo o treinamento em conjunto entre os dois países vizinhos.
Curiosamente, a Suíça operou caças Bf 109 alemães recebidos pouco antes da Segunda Guerra e montou alguns exemplares sob licença. Mais tarde, durante o conflito, os aviões da Messerschmitt interceptaram aeronaves alemãs e chegaram a entrar em combate em algumas ocasiões.
Segundo a armasuisse, os próximos passos do programa serão a análise dos relatórios de cada concorrente e que deve durar até o fim do primeiro trimestre de 2021. Já a decisão final que apontará o vencedor deve ocorrer até junho do ano que vem.
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Obrigado. É o primeiro site que diz de forma clara o porquê do Gripen não estar na disputa. Além do mais o texto está muito bem escrito.