O cargueiro transportador militar Kawasaki C-2, o maior avião fabricado no Japão, pode incorporar funções de ataque. Segundo o Japan Times, o Ministério da Defesa do país está considerando utilizar a aeronave como uma plataforma de mísseis de longo alcance.
De acordo com a publicação, o Ministério da Defesa do Japão já teria, inclusive, reservado uma verba de 3,6 bilhões de ienes (cerca de R$ 125 milhões) no orçamento fiscal de 2023 para iniciar a pesquisa técnica com o avião da Kawasaki.
O jornal japonês, citando fontes do ministério, diz que a proposta de lançar mísseis a partir do C-2 não requer grandes modificações na aeronave. A publicação cita ainda o exemplo da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), que têm experiência no lançamento de mísseis com cargueiros.
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Em 2021, a força aérea dos EUA conduziu um teste de lançamento em voo de uma “munição paletizada” da porta traseira de um C-130 Hercules no contexto do programa Rapid Dragon da USAF (leia mais abaixo). A carga com paraquedas continha um míssil AGM-158 Joint Air-to-Surface Standoff Missile, ou JASSM (Míssil de Cruzeiro Ar-Terra), que atingiu um alvo marítimo. Segundo a publicação japonesa, existe a possibilidade desse sistema ser adotado no C-2.
O emprego de um sistema desse tipo no avião Kawasaki C-2 serviria para melhorar as capacidades de defesa do Japão e fornecer um meio de ataque de longo alcance, considerando o contexto das tensões geopolíticas atuais com a China, como relatado pelo jornal japonês. O míssil JASSM, fabricado nos EUA pela Lockheed Martin, possui um alcance na faixa de 900 km, sendo capaz de atingir alvos terrestres e navais.
“KC-390” do Japão
Parece o Embraer KC-390 Millennium, mas não é. Fora isso, o Kawasaki C-2 é bem maior. A aeronave multimissão do Japão segue a mesma linha de requisitos do cargueiro lançado pela Força Aérea Brasileira em 2019, mas com uma capacidade de carga e alcance de voo superiores, o que logicamente influi em suas dimensões.
O C-2 pode voar com uma carga máxima de 37 toneladas, mas isso reduz seu alcance para 4.500 km. Levando 20 toneladas – o peso aproximado de dois sistemas JASSM paletizados – , o alcance do Kawasaki sobe para mais de 7.000 km. Como comparação, o KC-390 comporta até 26 ton (com alcance limitado em 2.000 km).
Depois de quase 20 anos em desenvolvimento, o C-2 voou pela primeira vez em 26 de janeiro de 2010. O avião foi concebido para substituir outro cargueiro da Kawasaki, os antigos C-1 da Força Aérea de Autodefesa do Japão. A aeronave com recursos de última geração entrou em serviço no país em 2016 e hoje a frota possui 15 aparelhos ativos – incluindo um RC-2, de guerra eletrônica.
Rapid Dragon
Um aprimoramento tecnológico de uma técnica de ataque rústica, o lançamento das chamadas munições paletizadas por aviões de carga é objeto de estudo do programa Rapid Dragon, conduzido pela USAF desde 2020. As avaliações incluem testes com aeronaves C-130 e C-17 Globemaster preparadas para lançar em voo os contêineres de armamentos que disparam durante a descida. Com equipamentos de precisão e longo alcance, a velha técnica de empurrar bombas pelas portas de cargueiros ganhou um novo sentido, além o baixo custo da operação ao dispensar um avião de ataque dedicado.
Com um sistema de munição paletizada, o Japão pode transformar o até então “pacífico” C-2 num feroz bombardeiro de longo alcance com poucas modificações.
B tarde
Ideia interessante… quem sabe não poderíamos adotar essa mesma ideia e criar uma versão brasileira unindo nosso KC-390 + Nosso Míssel de Cruzeiro de 300km. Seria uma plataforma extremamente importante.