CENIPA aponta ‘avaliação inadequada’ do piloto no acidente que matou Marília Mendonça

Bimotor King Air C90A caiu em Piedade de Caratinga (MG) depois de colidir em voo com linhas de transmissão
Acidente com King Air em novembro de 2021 matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas (Record TV Goiás via Creative Commons)

Órgão vinculado a Força Aérea Brasileira, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou ontem (15) o relatório sobre o acidente do Beechcraft King Air C90A com registro PT-ONJ, em 5 de novembro de 2021, na região de Piedade de Caratinga (MG). O avião transportava a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas. Todos os ocupantes morreram.

Conforme constatado anteriormente, a aeronave caiu depois de colidir com linhas de transmissão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) enquanto realizava o procedimento de aproximação para o pouso no Aeroporto de Caratinga. O avião, que pertencia à PEC Táxi Aéreo, estava em situação legal.

O relatório sobre as causas do acidente não aponta evidências de falhas mecânicas que possam ter influenciado na queda do King Air. A investigação, por outro lado, indicou que o julgamento do piloto na fase final do voo contribuiu para o acidente.

De acordo com o Cenipa, a aproximação para o pouso “foi iniciada a uma distância significativamente maior do que aquela esperada” e “com uma separação em relação ao solo muito reduzida”. Ou seja, o avião voava mais baixo do que o recomendado para a região, na altura dos cabos de energia.

“Houve uma avaliação inadequada acerca de parâmetros da operação da aeronave, uma vez que a perna do vento foi alongada em uma distância significativamente maior do que aquela esperada”, diz o relatório.

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As linhas de transmissão da Cemig estão fora dos limites da Zona de Proteção de Aeródromo de acordo com as regras do Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromo, segundo o Cenipa. Portanto, os cabos suspensos não eram “um obstáculo que pudesse causar efeito adverso à segurança ou regularidade das operações aéreas”, diz o relatório.

O centro de investigação de acidentes aéreos também levantou a hipótese de que os pilotos do King Air estivessem “com a atenção direcionada para a pista de pouso em detrimento de manter uma separação adequado com o terreno em aproximação visual”.

Outro ponto apresentado no relatório do Cenipa é de que um dos pilotos possuía recomendação para usar lentes corretoras devido a um diagnostico de astigmatismo. Essas conclusões apontam que os pilotos podem ter tido dificuldades em enxergar os cabos de energia a tempo de fazer um desvio.

“Uma vez que não foi possível confirmar se o PIC [piloto] fazia uso de lentes corretoras no momento do acidente, deve-se considerar que, em uma eventual ausência das lentes, haveria certa redução da sua acuidade visual e da percepção de profundidade”, cita o relatório.

O objetivo do relatório do Cenipa não é apontar culpados, mas sim esclarecer as causas do acidente e tomar medidas para que incidentes semelhantes não ocorram novamente.

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