A Cessna anunciou nesta segunda-feira, 23, que realizou os primeiros testes de solo com o SkyCourier, seu novo turboélice utilitário. Equipada com dois motores Pratt & Whitney Canada PT6A-65SC, a aeronave verificou o funcionamento do sistema de combustível e as interfaces com aviônicos e sistemas elétricos.
O primeiro SkyCourier, que havia recebido suas asas em dezembro do ano passado e seu conjunto de cauda no começo de fevereiro, ainda aparece nas imagens sem sua pintura. O anúncio confirma que o programa do novo avião não sofreu atrasos significativos após uma explosão destruir um hangar ligado ao projeto no final de 2019. Uma ruptura numa tubulação de nitrogênio teria causado o acidente que não provocou vítimas e nem afetou a aeronave.
“Os testes bem-sucedidos de funcionamento do motor são um passo fundamental para provar a maturidade da aeronave e de seus sistemas enquanto nos preparamos para o primeiro voo”, afirmou Chris Hearne, vice-presidente de Programas e Engenharia. “Continuamos a cumprir cada marco importante em nosso cronograma de desenvolvimento e esperamos ter uma aeronave excelente para nossos clientes”, completou. Além do primeiro protótipo, o programa de certificação do SkyCourier contará com outras cinco aeronaves de testes de voo e solo.
Após uma longa carreira de sucesso com o monomotor Caravan, a Cessna finalmente decidiu lançar uma aeronave com características semelhantes, mas de maior capacidade. Além dos dois confiáveis motores PT6, o SkyCourier possui asa alta e uma fuselagem retangular capaz de acomodar até 6.000 libras (2.720 kg) de carga paga, 19 passageiros ou então uma configuração mista. O avião é capaz de acomodar uma fileira de três assentos na versão de passageiros ou três contêineres do padrão LD3 na versão cargueira.
Sem pressurização e voando a 7.620 metros de altitude, o bimotor não impressiona pelo desempenho: sua velocidade de cruzeiro será de 370 km/h e o alcance máximo, de 1.667 km. Por outro lado, o novo Cessna será capaz de operar em pistas de até 1.000 metros de extensão e certamente terá um custo de operação baixo com tanta simplicidade e a robustez esperada de um modelo com essas características.
Não é difícil que o SkyCourier torne-se uma figurinha conhecida no Brasil no futuro. Seu perfil operacional lembra bastante o de outro bimotor turboélice, o Bandeirante, da Embraer. Só que com a vantagem de ter um uso mais versátil. A Cessna, no entanto, não revela a previsão do primeiro voo ainda. A Fedex é a cliente lançadora do modelo com 100 unidades encomendadas e que substituirão os Caravan e ATR 42 atualmente utilizados.
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