Chefão da LATAM não vê fusão como solução para Gol e Azul

Em entrevista, Jerome Cadier considerou rivais saudáveis no aspecto operacional, apenas com alto endividamento
Fusão da Gol e Azul pode alterar equilíbrio do mercado de aviação comercial
Fusão da Gol e Azul pode alterar equilíbrio do mercado de aviação comercial (Divulgação/South Jets/Alexandro Dias)

Sem se pronunciar desde 15 de janeiro, quando foi assinado o Memorando de Entedimento para uma potencial fusão da Azul com a Gol, o CEO da LATAM Airlines, Jerome Cadier, quebrou o silêncio.

Em entrevista ao Valor Econômico, o executivo deu sua visão sobre a possível criação de um grupo com o dobro do tamanho da LATAM Brasil.

Polido, Jerome elogiou sua rivais, a quem chamou de “muito saudáveis”, mas afirmou que qualquer decisão em favor de uma combinação de negócios deverá ser precedida de sérias medidas de mitigação.

O temor é que, juntas, Azul e Gol, terão mais de 60% do mercado doméstico de transporte aéreo no Brasil, superando a LATAM com larga margem.

Jerome Cadier, CEO da LATAM Brasil (Divulgação)

Embora digam que suas malhas quase não se sobrepõem, Gol e Azul deteriam espaço importante nos principais aeroportos e rotas do país.

“Não dá para imaginar qualquer formato de combinação de negócio entre as duas que não venha com medidas de mitigação sérias e importantes”, disse o chefe da LATAM.

Para Cadier, no entanto, a fusão não é a resposta para os problemas de ambas. Segundo ele, o que elas enfrentam é uma dívida elevada e solução para isso “não é fusão, mas reestruturação”.

Aviões da Gol em Congonhas (DECEA)

O executivo ainda citou a compra da WebJet pela Gol para que o Cade, o órgão antitrustre brasileiro, possa ter uma ideia do impacto que a união teve no preço das passagens aéreas.

Mercado punjante, que pode ter mais competidores

Ele ainda considerou o mercado brasileiro “punjante”, que os ativos da Azul, Gol e Latam são muito bons e que não vê riscos das rivais quebrarem.

Ainda assim, Cadier acredita que há espaço para mais competidores. “O mercado brasileiro não é pequeno. Não estamos falando do Chile, Argentina”.

O E195-E2 PS-AEY, 25º da frota da Azul

O Cade já está debruçado nas conversas sobre a combinação dos negócios da Azul e Gol, mas não há ainda uma proposta clara sobre como elas podem operar em conjunto.

O órgão, no entanto, terá vários meses para julgar se uma possível fusão ou outro formato é capaz de ser concluído sem prejudicar a livre concorrência.

A despeito disso, a união de Gol e Azul conta com apoio do governo federal, que declarou em algumas ocasiões que a solução é melhor do que deixá-las quebrarem.

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