A Força Aérea Portuguesa (FAP) era até o começo do ano cotada como mais uma operadora do caça F-35A Lightning II, da Lockheed Martin.
Negociações com a fabricante e o governo dos EUA já haviam sido iniciadas prevendo uma encomenda com entregas no final da década mas, ao assumir o segundo mandato como poresdente, Donald Trump mudou tudo.
Com sua retória anti-Otan e amigável à Putin, o republicano fez surgirem preocupações em países europeus quanto ao apoio dos Estados Unidos em caso de um conflito militar no continente.
Logo, o Ministro da Defesa de Portugal, Nuno Melo, tornou-se o primeiro a anunciar que o caça F-35 já não estava mais nos planos para subsituir os F-16 em serviço.

Em vez disso, a tendência é por escolher uma aeronave fabricada na Europa, ainda que de geração anterior como o Dassault Rafale ou o Saab Gripen E/F.
No entanto, a Força Aérea Portuguesa deu a entender que o F-35 continua a ser a aeronave tecnicamente indicada para ser adquirida.
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Em 22 de abril, o Chefe do Estado Maior da Força Aérea, General João Cartaxo Alves, foi mais categórico ao afirmar “ser imperioso que a próxima aeronave de defesa aérea seja de 5ª geração”.
Cartaxo Alves completou: “No quadro das aeronaves disponíveis, apenas uma cumpre atualmente esse requisito, o F-35”. Entre os presentes no evento estava justamente o ministro Nuno Melo.

‘Caça padrão’ da OTAN
Não fosse a polêmica levantada por Trump e a escolha do F-35 não geraria qualquer dúvida. Até então, a aeronave da Lockheed Martin tinha vencido todas as concorrências para novos caças que disputou na Europa.
Somente nos últimos anos o jato furtivo foi selecionado por países como Polônia, Alemanha, Finlândia, Eslováquia e Grécia, além de operar em várias outras forças aéreas.
Mais atual e capaz, o Lightning II tornou-se uma espécie de “caça padrão” da OTAN, cujos integrantes podem se beneficiar de troca de informações e táticas para operá-lo e mantê-lo.
No Canadá, o F-35 também foi vitorioso para substituir os CF-188 Hornet da Real Força Aérea, mas o governo do país também levantou dúvidas quanto ao contrato de 88 aeronaves.

Isso porque Trump ameaçou anexar o Canadá aos Estados Unidos, gerando uma grande onda de indignação.
Decisão política?
A despeito da preferência da Força Aérea pelo F-35, vale lembrar que em muitos casos de compras estratégias como essa o fato político é um componente decisivo.
A Dassault e a Saab já iniciaram negociações para entregar propostas do Rafale e do Gripen, um indício que a superioridade técnica do jato da Lockheed Martin não é suficiente para garantir uma vitória.