Em um movimento inesperado, a Força Aérea Brasileira (FAB) estaria em conversas com o governo dos EUA para adquirir 24 caças F-16 de segunda mão, afirmou o Janes.
O conceitudo site especializado em defesa diz ter obtido a informação de um oficial de alta patente na Aeronáutica no início deste mês.
A notícia surge em meio às entregas de 36 caças Saab Gripen E/F novos, dos quais 15 estão sendo montados parcialmente no Brasil em uma parceria com a Embraer.
Siga o AIRWAY nas redes: WhatsApp | Telegram | Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter
Oficialmente, o governo brasileiro fala em adquirir um segundo lote do Gripen, mas segundo a fonte da Janes, falta dinheiro para isso. A opção na mesa seria buscar uma alternativa mais barata para substituir os caças F-5 e jatos de ataque A-1 (AMX).
Em nota divulgada na sexta-feira, 14, a Aeronáutica reconheceu que estuda de fato uma possível aquisição de caças Lockheed Martin F-16, mas disse não existir qualque negociação em curso.
Caças eficientes e baratos
Não é de hoje que o F-16 é oferecido à FAB, mas as conversas nunca evoluíram muito até onde onde se sabe. O jato norte-americano é operado pela Venezuela, primeira cliente da aeronave, e pelo Chile.
Além disso, trata-se de um negócio bastante atraente como se viu na vizinha Argentina há poucas semanas, que fechou um acordo com a Dinamarca para ficar com 24 F-16 que estão sendo retirados de serviço.
A negociação, intermediada pelos Estados Unidos, foi avaliada em apenas US$ 300 milhões com peças de reposição, treinamento e armamentos. Portanto, um montante bem menor do que os US$ 5,4 bilhões do contrato de 36 Gripen assinado pelo Brasil em 2014.
Embora não seja tão avançado como o caça da Saab, o F-16C/D é uma aeronave de combate amplamente usada no mundo e bastante versátil. Os dois caças são equipados com motores da General Electric, mas o F-16 usa o F110 a partir das versões C e D, enquanto o Gripen é propulsionado por um GE F414 feito sob licença.
Como ficar um possível acordo mútuo com a Suécia pelo C-390?
A possível sondagem sobre os F-16 pela Força Aérea Brasileira sugere dificuldades para um potencial acordo mútuo com a Suécia a respeito do cargueiro C-390 Millennium, da Embraer.
Desde 2023, a Saab e a Embraer se associaram para oferecer a aeronave de transporte tático à Força Aérea da Suécia, como substituto do C-130H Hercules. Como compensação, a FAB fecharia a compra do segundo lote de Gripen com a Saab.
Embora a Força Aérea Brasileira tenha tradição em operar mais de um tipo de caça, o investimento no Gripen indicava uma escolha por frota única, mas muito mais capaz já que a aeronave sueca possui grande poder tanto na defesa aérea como em missões de ataque.
Gripen menos bem sucedido que o Rafale e o Eurofighter
Uma hipótese a ser considerada é que o “vazamento” do interesse no F-16 possa ser uma forma de pressionar o governo sueco a oferecer condições mais vantajosas para venda do Gripen.
Para a Suécia, o Brasil é um parceiro inestimável no programa do Gripen E/F, sendo o único cliente externo a selecioná-lo até agora.
A FAB fez questão de negar que a sondagem pelo F-16 não tem relação com o Gripen, mas obviamente uma frota de algumas dezenas do caça dos EUA faria a necessidade do jato da Saab menos urgente.
Entre os caças europeus surgidos na década de 80, o Gripen tem sido o menos bem sucedido, com apenas quatro países adquirindo a aeronave (África do Sul, Tailândia, Brasil e a Suécia, por razões óbvias) e duas nações operando esquadrões por meio de leasing, a Hungria e República Tcheca, que neste caso vai substituí-lo pelo F-35.
Enquanto isso, o Dassault Rafale e o Eurofighter Typhoon possuem mais operadores e que têm frotas maiores.
Seja como for, a Força Aérea Brasileira pretende tomar uma decisão até o final do ano, segundo a fonte da Janes. A FAB tem planos de aposentar os AMXs até 2025 e os F-5 em 2029.
Acho o Gripen um bom caça, mas nada fantástico. De o programa de seleção tivesse demorado mais um pouco, daria para incluir o FA-35 Ligthing II na disputa. o que aí sim seria uma grande vantagem.
Com a alegada transferência de tecnologia, cada caça Gripen E/F custou aprox. 150 milhões de dólares para FAB, ou seja, os 36 caças do 1° lote custaram 5,4 bilhões de dólares. Se no 2° lote, o valor for mantido neste patamar, fica inviável qualquer negociação, mesmo se adquirirem o KC-390. Melhor então adquirir caças usados (os F-16 de países europeus a serem substituídos pelo F-35) ou até caças novos (os FA-50 coreanos), com o custo na faixa dos 30 a 50 milhões de dólares por unidade. Com a baixa produção, o custo de manutenção dos Gripen E/F será bem elevado, retirando a alegada vantagem sobre o F-16.
Será que na época da compra dos Gripens ninguém pensou nessas possibilidades – menor venda para outros países, dificuldades quanto a preços, etc. – ? Quando da escolha no programa FX-2, isso não foi questionado? Ou a compra desse caça foi por pura birra politica da Presidente Dilma , e não uma questão técnica?
A aeronave é muito interessante – opinião de leigo – mas não acho que sirva para todas as funções de ataque/caça dentro da FAB, precisa de um parceiro de peso, na minha opinião. Agora, se isso for verdade, foi uma grande burrice da FAB e do Governo, pois era melhor arriscar o Rafale ou o F-16, e até mesmo o F-18, nessa compra, mesmo com todo o aparato tecnológico do Gripen.