Cheia de aviões modernos, China leva apenas maquetes para Le Bourget

Fabricantes COMAC e AVIC participaram do Paris Air Show com estandes vistosos, mas não trouxeram suas aeronaves para a França ainda
Maquetes dos caças da AVIC

Normalmente não afeitos à publicidade fora de casa, os chineses apareceram no Paris Air Show de 2023, no Aeroporto de Le Bourget. Mas não foi desta vez que pudemos ver ao vivo aeronaves como o jato de passageiros C919 ou o caça furtivo J-20.

As estatais COMAC e AVIC compareceram ao evento aerospacial com vistosos estandes e até mesmo um chalé no caso da primeira, um sinal de que procurava receber possíveis clientes de seus aviões ARJ21 e C919.

No estande, em dos pavilhões, a COMAC exibia maquetes do C919 e do ARJ21 além de informações sobre suas capacidades. O jato regional para até 90 passageiros, por exemplo, era mostrado em funções variadas como cargueiro, VIP, ambulância aérea e até para combate a incêndios.

O C919 seria uma presença fabulosa em Le Bourget mas a COMAC só trouxe a maquete dele

O C919, por sua vez, estava em destaque, com um vídeo sendo apresentado ao fundo enumerando suas características, como uso intensivo de materiais compostos em sua estrutura. A aeronave para 168 passageiros acaba de entrar em serviço pela China Eastern Airlines, mas o programa anda a passos lentos, enquanto a fabricante e a CAAC, a agência de aviação civil, se certificam de que o avião está operando dentro do esperado.

Mas o aspecto mais integrante do espaço da COMAC era a imagem do “Long Range Wide-Body”, mais conhecido como CR929. O jato de dois corredores é um projeto conjunto da empresa chinesa com a russa UAC, mas em Paris os parceiros sumiram por razões desconhecidas.

Em vez disso, o CR929 foi mostrado como o “wide-body da COMAC”, capaz de transportar até 320 passageiros e voar até 12.000 km. Por enquanto, o projeto está longe de um voo inaugural, por vários desentimentos com os russos.

O widebody CR929 foi apresentado sem qualquer referência à parceria com a Rússia

Frota de guerra numerosa

No estande da Aviation Industry Corporation of China, a AVIC, o panorama era outro. Eram tantos modelos em escala que a empresa teve que dividi-los em três grupos.

A gigante engloba vários outros fabricantes de aeronaves e produz de helicópteros, aviões regionais, anfíbios a caças avançados e grandes jatos de transporte militar.

A AVIC é uma das empresas que o governo dos EUA estabeleceu sanções por conta de acusações de espionagem, entre elas invadir o banco de dados do programa Joint Strike Fighter, que deu origem ao caça F-35 Lightining II.

Coincidência ou não, entre as maquetes de caças estava o FC-31, da Shenyang, que lembra muito o F-35 e será usado como aeronave embarcada no novo porta-aviões chinês.

Ao seu lado estava o temido Chegndu J-20, caça furtivo de 5ª geração considerado o mais avançado do mundo fora dos EUA. Além dele, também eram exibidos o J-10, usado pela PLAAF (a Força Aérea da China) e o JF-17, projeto sino-paquistanês que é favorito a ser encomendado pela Força Aérea da Argentina.

Aeronaves civics da AVIC, incluindo o imenso anfíbio AG600M

Havia também exemplares dos cargueiros militares Y-20 e Y-9E, este para exportação, além de aviões-radares, helicópteros e drones, incluindo o GJ-11, uma aeronave não tripulada em formato de asa voadora e destinada a missões de ataque e reconhecimento.

Certamente, boa parte desses “produtos” não tem qualquer expectativa de venda num evento ocidental (por vários motivos, sejam políticos ou de mercado), mas servem para comprovar que a indústria chinesa atingiu um patamar tecnológico inegavelmente avançado.

 

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