A COMAC, fabricante estatal de aeronaves comerciais da China, celebrou a entrega do 100º jato ARJ21-700 em 29 de dezembro. O marco era aguardado há algumas semanas, desde que a empresa acelerou as entregas do avião de 90 lugares no final de 2022.
A centésima aeronave do modelo, de matrícula B-653M, foi entregue para a Air China, que passa a contar 15 desses aviões em sua frota.
Segundo registros do Planespotters, o avião é o 102º fabricado, contando com aeronaves que fazem parte da frota da própria COMAC, como o CBJ, uma versão executiva que apareceu na foto de divulgação.
“A entrega da 100ª aeronave após a produção em massa é um marco importante para qualquer tipo de aeronave comercial. Isso significa que o desempenho operacional e o nível operacional da frota de aeronaves ARJ21 são basicamente iguais aos das aeronaves tradicionais, indicando que a segurança e a confiabilidade desta aeronave foram totalmente testados por companhias aéreas e pelo mercado de aviação civil”, afirmou a COMAC em comunicado.
O ARJ21 é a primeira iniciativa chinesa de desenvolver uma aeronave por conta própria, porém, o jato é na verdade uma atualização da família MD-80/MD-90, da McDonnell Douglas, hoje Boeing, e que foi produzido sob licença no país no passado.
O desenvolvimento foi iniciado em 2002 e cinco anos depois o primeiro protótipo foi apresentado, realizando o voo inaugural em 28 de novembro de 2008.
Os testes em voo, no entanto, foram demorados, fruto da falta de experiência da indústria aeronáutica chinesa. Por outro lado, a aeronave serviu como aprendizado para o mais ambicioso C919, que acaba de ter a primeira aeronave entregue à China Eastern Airlines.
Embora mantenha muitas semelhanças visuais com o antigo jato dos EUA, o ARJ21-700 conta com asas de perfil supercrítico e é equipado com turbofans GE CF34, os mesmos usados nos E-Jets de primeira geração da Embraer.
Chengdu Airlines é a maior operadora do ARJ21
Após obter a certificação operacional em dezembro de 2014, o ARJ21-700 entrou em serviço no início de 2016 com a Chengdu Airlines, que até hoje é a maior operadora do modelo, com 28 aeronaves.
A produção em massa, no entanto, só começou em julho de 2017 e num ritmo bastante lento. No ano seguinte, apenas oito aviões deixaram a linha de montagem, mas ano a ano a COMAC tem elevado o ritmo de produção.
Em 2021, foram 27 aeronaves e em 2022, 32 ARJ21-700 foram finalizados, porém, entregues apenas no segundo semestre. A capacidade anual de produção é de 50 aeronaves, divididas em duas linhas de montagem.
Atualmente, o ARJ21 só encontra um concorrente direto em termos de capacidade, o E175, da Embraer, que numa versão de classe única pode transportar 88 passageiros.
No entanto, os dois modelos têm mínimas chances de concorrer por conta do foco em mercados distintos. Enquanto o jato da Embraer tem a grande maioria dos pedidos oriunda dos EUA, onde é atualmente o único avião em produção a atender a cláusula de escopo, o ARJ21 é majoritariamente uma aeronave voltada às companhias aéreas chinesas.
A exceção é a TransNusa, uma pequena low-cost da Indonésia, que recebeu o primeiro ARJ21-700 de exportação em dezembro. A empresa, no entanto, tem como um dos sócios uma companhia de leasing chinesa.