Além de ações promovidas por empresas independentes dos EUA e até pela NASA, a China e a Rússia, por meio de órgãos estatais, também estão participando em conjunto da corrida para desenvolver a nova geração de aviões supersônicos de passageiros. Nesta sexta-feira (25), a iniciativa sino-russa nessa área recebeu um importante impulso com a confirmação do apoio financeiro da Fundação Russa de Ciência.
O projeto entre os dois países, chamado de Aeronave Civil Supersônica (SGC, sigla adaptada do russo), reuniu o Instituto Central de Aerohidrodinâmica (TsAGI) de Moscou e o Centro Chinês de Pesquisa Aerodinâmica (CARDC). A primeira fase do trabalho visa estudar o estrondo sônico típico de aviões que voam acima da velocidade do som e formas de reduzi-lo utilizando uma concepção de asa mecanizada. As conclusões da pesquisa serão divulgadas até 2025, informou o TsAGI.
De acordo com o instituto de Moscou, o SGC é projetado para proporcionar viagens aéreas rápidas em rotas intercontinentais e cumprir os mesmos padrões de ruídos exigidos de aeronave subsônicas.
“Para modelar de maneira ideal a asa de uma aeronave civil supersônica, é necessário realizar uma quantidade suficiente de pesquisas e desenvolver abordagens para reduzir os níveis de ruído. Este é o objetivo do nosso projeto. No decorrer do trabalho, vamos estudar os mecanismos de geração de ruído associados ao escoamento em torno de uma asa mecanizada do SGC, que podem diferir significativamente dos mecanismos de ruído de uma asa tradicional de aeronave subsônica”, disse Viktor Kopiev, chefe do centro de pesquisa de aeroacústica do TsAGI.
Kopiev, que também é o gerente do projeto SGC, afirmou que os institutos de pesquisa aeroespacial da Rússia e China testarão o modelo de asa especial em câmaras acústicas. “É especialmente importante que tais estudos sejam realizados pela primeira vez no mundo. Esta é uma contribuição valiosa para a criação da aviação supersônica de passageiros.”
No que depender da experiência dos russos em projetos de aviões supersônicos, o projeto em parceria com a China pode ser promissor. No passado, o TsAGI teve participação fundamental no desenvolvimento do jato comercial Tupolev Tu-144, que foi resposta da antiga União Soviética ao anglo-francês Concorde.
Nova corrida supersônica
Um esforço que no passado moveu os maiores nomes da indústria aeroespacial, a construção de um novo avião comercial supersônica hoje está nas mãos de empresas desconhecidas, a maioria delas startups nos EUA.
A que chama mais atenção é a Boom Technology, baseada em Denver, no Colorado. A empresa está desenvolvendo o jato comercial supersônico Overture, uma aeronave com capacidade para 80 passageiros e capaz de voar a mais de Mach 1.7 (2.099 km/h) com alcance de 8.000 km. A proposta da startup americana já despertou a atenção de companhias aéreas, como a Japan Airlines, United Airlines e o grupo Virgin, que já efetuaram reservas pela aeronave.
Até a NASA está envolvida em pesquisas sobre aviões supersônicos, especialmente para na área de baixo boom supersônico. A agência especial dos EUA deve iniciar no próximo ano os primeiros voos com o protótipo X-59 QUESST (sigla em inglês para Tecnologia Supersônica Silenciosa).