A COMAC celebrou nesta segunda-feira, 1º, em Xangai, um contrato de aquisição de cinco jatos C919 com a China Eastern Airlines. A companhia aérea, que já era parceria de longa data no desenvolvimento da aeronave, será a cliente lançadora do mais avançado avião de passageiros do país.
A fabricante chinesa, no entanto, não forneceu uma previsão de quando o primeiro C919 será entregue à China Eastern Airlines, mas a expectativa é que isso ocorra até o final do ano, quando a aeronave de corredor único será certificada pela autoridade de aviação civil da China.
“É o início de um novo capítulo na indústria de grandes aeronaves de fabricação nacional. O fato de o grupo China Eastern Airlines se tornar o primeiro cliente do C919 no mundo é uma ação concreta realizada por ambas as partes para estudar profundamente e implementar as idéias de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas em uma nova era”, afirmou Liu Shaoyong, presidente da companhia aérea.
Estatal, o grupo China Eastern é um dos maiores do mundo, com 750 aeronaves espalhadas em suas companhias aéreas, dos quais apenas três unidades foram produzidas na China, do ARJ21-700, primeiro jato comercial moderno do país.
Acusações de espionagem industrial
O C919 é o mais ambicioso avião de passageiros já desenvolvido pela China e atua no mesmo segmento do Airbus A320, com o qual compartilha semelhanças. A China Eastern, inclusive, possui atualmente quase 230 unidades do jato europeu, o que demonstra o potencial de vendas domésticas do modelo da COMAC.
As duas empresas estatais assinaram o primeiro acordo sobre o C919 em 2010. Seis anos mais tarde, a China Eastern firmou um Memorando de Entendimento de compra da aeronave, quando passou a ser sua cliente lançadora.
Apesar do otimismo chinês, o C919 passa por várias provações. Os Estados Unidos consideram a aeronave fruto de espionagem industrial e por conta disso a COMAC passou a fazer parte de uma lista de empresas de defesa chinesas com fachada civil.
O C919 utiliza o turbofan Leap-1, da CFM, joint venture entre a norte-americana GE e a francesa Safran, mas deve ser equipado no futuro com um motor desenvolvido localmente.
Por enquanto, o C919, com capacidade entre 168 e 190 assentos, deve ser um produto voltado ao mercado doméstico chinês, no qual a COMAC diz ter 800 pedidos. Mas seu alegado preço mais baixo e economia de combustível podem, quem sabe, um dia interessar a companhias aéreas de outros países.
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