O governo da França anunciou nesta terça-feira, 9 de junho, que vai investir 15 bilhões de euros para ajudar a indústria aeroespacial do país atingida pela pandemia do novo coronavírus. O objetivo do resgate financeiro é preservar centenas de milhares de empregos no setor e manter a Airbus e a companhia aérea Air France competitivas globalmente.
Em troca da ajuda, as empresas instaladas no país deverão aumentar os investimentos em tecnologia para acelerar o desenvolvimento de aeronaves de menor emissão, incluindo soluções com motorização elétrica e a hidrogênio. De acordo com o plano francês, o resultado desses estudos deve originar um sucessor para o Airbus A320, um avião regional, um helicóptero leve, novas aeronaves executivas e drones de alto desempenho, todos eles com propostas ambientalmente amigáveis.
“Faremos tudo para apoiar esta indústria francesa, que é tão crítica para a nossa soberania, nossos empregos e nossa economia”, disse o ministro de Finanças, Bruno Le Maire, citado pelo jornal francês Les Echos, que revelou o plano ao lado dos ministros dos transportes, defesa e de meio ambiente da França.
O dinheiro da ajuda francesa inclui investimento direto do governo, subsídios, empréstimos e garantias de empréstimos. Também inclui um fundo especial financiado em conjunto pelo governo, Airbus e outros grandes fabricantes para apoiar pequenos fornecedores.
“Precisamos salvar nossa indústria aeronáutica. Devemos evitar qualquer declínio nos próximos meses em relação à gigante americana Boeing e à chinesa Comac”, afirmou Le Maire. “Não permitiremos que o mercado aeronáutico mundial seja compartilhado entre a China e os Estados Unidos. França e Europa manterão sua posição.”
Sucessor para o A320
Segundo o ministro de Finanças da França, o projeto inicial de uma nova aeronave para suceder o A320 deve ser apresentado por volta de 2026 e 2028 e sua entrada em serviço deve acontecer entre 2033 e 2035. O avião deverá apresentar uma melhoria de 30% no consumo de combustível e deve ser totalmente adaptado para funcionar com biocombustível. Mais adiante, essa mesma plataforma deverá ser apta a receber sistemas de motorização de zero emissão alimentados por hidrogênio.
“(O sucessor do A320) definirá novos padrões globais para aviões em termos ambientais”, diz o plano do governo francês. “Esse apoio será essencial para permitir que eles (fabricantes franceses) invistam na transição ecológica após o fim da crise.”
A França já vinha discutindo nos últimos anos a necessidade de se criar um avião comercial com zero emissões e havia estabelecido 2050 como a data limite para sua implementação. Com o novo plano de ajuda ao setor aeroespacial, esse prazo foi reduzido drasticamente.
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Tem também o chamado e-fuel, um combustível sintético que está sendo desenvolvido na Alemanha e que vai dar sobrevida aos motores à combustão seja de veículos de passeio ou esportivos.
Vi no mês passado algo uma notícia sobre isso no UOL e na Quatro Rodas; e até suegir o protótipo do sucessor do A320, o projeto deve estar robusto suficiente pra ser combustível de pelo menos, um dos motores ou combustível auxiliar em certos momentos do voo.