Um dos concorrentes da família E-Jet da Embraer, o jato russo Sukhoi SSJ100 SuperJet está numa encruzilhada. Para atrair interessados fora da zona de influência da Rússia, a UAC, holding que controla a Sukhoi, apostou numa participação maior de conteúdo ocidental em sua produção, hoje em torno de 60%. No entanto, com o acirramento das sanções ao país pelos Estados Unido e Europa, a empresa prevê dificuldades em obter componentes para manter a produção, embora ela não tenha parado desde 2013 (quando ocorreu o conflito com a Ucrânia) graças a acordos de longo prazo.
No entanto, esse cenário tende a mudar e por isso a UAC decidiu desenvolver uma versão do SuperJet utilizando apenas conteúdo local. Com isso, problemas como a impossibilidade de enviar 40 unidades para o Irã por conta de novos embargos estabelecidos para o país poderiam ser evitados. A encomenda prevê entregas a partir de 2020, mas está ameaçada por conta do recuo de fornecedores europeus, temorosos de perder clientes nos Estados Unidos.
A questão principal é que a estratégia de tornar o jato regional mais “ocidentalizado” para assim vencer resistências de potenciais compradores não funcionou a contento. São raras as companhias aéreas do Ocidente que operam o avião como a mexicana Interjet e a irlandesa CityJet. Dos poucos mais de 130 exemplares entregues, um terço está com a Aeroflot, maior companhia aérea da Rússia, e os demais estão divididos em empresas menores e alguns órgãos governamentais. Por essa razão, a encomenda iraniana soou como uma grande oportunidade de expandir as fronteiras da aeronave.
O projeto de converter o SSJ100 para um padrão 100% russo demandará muito trabalho. Hoje são fornecedores da Sukhoi empresas como a Safran (ex-Snecma), Hamilton Standard, Thales, Goodrich, Parker e Honeywell, responsáveis por itens como aviônicos, motores, sistemas hidráulicos, elétricos e de combustível, APU, trem de pouso, entre outros. Encontrar equivalentes a eles no mercado russo não é uma tarefa das mais fáceis e até a China pode vir a se tornar uma fonte para algumas peças e equipamentos.
Se a ideia for em frente, como parece ser, o SuperJet vai relembrar seus antecessores da época da União Soviética quando jatos como o Ilyushin Il-86, Tupolev Tu-154 e Yak-40 eram a base da aviação comercial da “Cortina de Ferro” sempre construídos com soluções locais.
Via AINOnline
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