A crise que afeta a aviação mundial atinge também as companhias aéreas do Irã, país que vive sob embargo econômico do Ocidente e que por isso opera em sua grande maioria com aviões de passageiros ultrapassados. É o que ocorre com a Iran Air, a companhia aérea de bandeira do país, que desativou vários de seus jatos por falta de demanda.
Para tentar levantar algum dinheiro, a empresa decidiu leiloar 12 de seus mais antigos jatos e que estão sem voar há vários anos. A lista de aeronaves inclui raridades como três Boeing 747SP, versão de fuselagem curta e longo alcance do Jumbo. Há também outros dois 747, um da versão -100 e outro da versão -200 que eram comumente usados nos anos 70 e 80, e dois trijatos 727-200. A Iran Air também colocou à venda cinco aviões da Airbus, sendo três A300-B2K e dois A310-200.
O avião mais barato do leilão, o Boeing 727-200 prefixo EP-IRR, tem preço mínimo de 415 milhões de riais, ou cerca de R$ 52 mil. Fabricado em 1974, o jato foi entregue novo para a própria Iran Air quando os EUA e o Irã ainda mantinham boas relações.
A aeronave com o valor mais alto, se assim podemos dizer, é o Boeing 747SP de prefixo EP-IAD. A Iran Air pede um lance mínimo de 1,125 bilhão de riais pelo modelo, pouco menos que R$ 142 mil numa conversão simples.
Assim como o EP-IRR, também o Jumbo foi encomendado novo pela companhia e entregue em julho de 1979, meses antes da invasão à embaixada dos EUA em Teerã durante a Revolução Islâmica que culminou com a elevação ao poder do aiatolá Ruhollah Khomeini.
Efeito global
A pandemia do coronavírus tem causado a diminuição brutal no tráfego aéreo mundial e dentro do Irã não foi diferente. Até meados de setembro, o país acumulava quase 400 mil casos confirmados da doença e 22,7 mil fatalidades.
Com frota excedente, a Iran Air não teve outra saída que desativar boa parte de suas 40 aeronaves. Mas os aviões que serão leiloados estão estocados há mais tempo por falta de condições de voo. Os 747SP, por exemplo, deixaram de voar entre 2012 e 2014 enquanto outros possivelmente são usados como fonte de peças de reposição para aeronaves mantidas em voo.
Por conta do embargo americano, a Iran Air opera uma frota predominantemente de aeronaves europeias, sobretudo da Airbus. Entre eles estão A300-600, A319, A320 e A330. Segundo o site Planespotters, restariam apenas um 747-200 e dois MD-82 em condições de operação entre os modelos dos EUA. Os aviões mais novos da companhia aéreas são 13 turboélices ATR 72 entregues em 2017 antes que novas restrições econômicas fossem implantadas.
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