Inaugurado oficialmente em 1952, o Galeão, no Rio de Janeiro, foi o primeiro aeroporto no Brasil a contar com um terminal de passageiros de grande porte equipado com pontes de embarque em 1977.
Por muitos anos, o terminal aeroportuário do Rio foi a porta de entrada internacional, até que o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, passou a atrair mais tráfego aéreo nas décadas seguintes.
Deste então, o Tom Jobim, como foi batizado mais tarde, vive de altos e baixos. Mesmo com a infraestrutura mais generosa entre os aeroportos do Brasil e uma relatividade proximidade com o centro da cidade, o terminal tem sofrido com uma demanda baixa na maior parte dos últimos anos.
Priorizado pelo governo militar entre os anos 60 e 70, que viu nele melhores condições econômicas de receber voos do que Guarulhos, o aeroporto praticamente sempre teve mais oferta do que demanda, um contraste com a eterna carência do aeroporto paulista, seja em pistas, pátios, pontes de embarque ou até salas de espera.
Mesmo após concedê-lo à iniciativa privada em 2014, as projeções exageradas persistiram na forma de um edital que exigia a ampliação do pátio de aeronaves e a construção de um píer para aviões de grande porte.
A concessionária RioGaleão, formada na época pela Odebrecht e a operadora Changi, de Cingapura, venceu o certame e iniciou as obras incluindo um edifício-garagem em frente ao terminal 2. Mas, ao contrário do pomposo aeroporto de Cingapura, o Galeão ganhou melhorias pontuais e mais racionais.
Mesmo com a Changi por trás da operação, os novos voos não vieram. Pelo contrário, o Galeão perdeu terreno para outros terminais como Brasília, Confins e Viracopos. A LATAM, por sua vez, praticamente se retirou do terminal, concentrandos seus voos internacionais em Guarulhos.
Diante disso, a RioGaleão tomou uma atitude surreal para um país com infraestrutura aeroportuária precária: fechou o antigo terminal 1, inaugurado em 1977. Apenas algumas pontes de embarque e áreas administrativas seguiram ativas, denotando os erros de planejamento de décadas.
Saída pelo baixo custo
De quase 18 milhões de passageiros que passaram pelo aeroporto em 2012, o movimento caiu para 15 milhões de passageiros no ano passado. A boa notícia é que o Galeão parece estar encontrando uma vocação.
Se não se transformou em um hub como outros grandes aeroportos do país, o Tom Jobim tem conseguido ampliar sua demanda internacional. Em 2018 passaram por ele 4,5 milhões de passageiros com origem ou destino no exterior, um aumento de 5%, que o mantém com a vice-liderança nesse público e com ampla vantagem para o 3º colocado, Viracopos.
Um dos segredos parece ser o potencial como destino de voos de companhias aéreas low-cost. A RioGaleão anunciou nesta semana um acordo com a Flybondi, companhia de baixo custo argentina que voará três vezes por semana entre Buenos Aires (El Palomar) e o Rio a partir de outubro.
Antes disso, outra low-cost sul-americana, a chilena Sky, foi a primeira a estabelecer uma rota regular para o Galeão que hoje oferece quatro voos semanais para Santiago do Chile e que ganha dois voos a mais na alta temporada.
Mas a grande estrela do aeroporto carioca é mesmo a Norwegian Air. Uma das maiores low cost do mundo, a companhia norueguesa voa desde março para Londres com seu Boeing 787, onde oferece diversas conexões na Europa quatro vezes por semana.
Potencial turístico
Trata-se de um filão que possui uma tendência de crescimento no Brasil após as medidas de desregulamentação promovidas pelo governo federal. O público atraído por essas empresas tem um perfil de lazer e, se bem explorado, o potencial turístico do Rio de Janeiro pode ser um bom chamariz diante de preços de passagens mais atraentes.
Cabe aos governantes locais, no entanto, fazer sua parte ao estimularem o mercado de turismo e tornar essas estadias mais baratas e recomendadas. Não é de hoje que se sabe o potencial que nosso país tem nesse segmento, basta apenas um trabalho sério e, quem sabe, o Galeão enfim volte a se tornar um aeroporto com movimento em alta.
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Uma opinião de passageiro comum: se der pra evitar o Rio, evito. Mesmo que a passagem seja mais barata e uma eventual janela de espera entre vôos seja menor no Rio, não vou. E conheço muitas pessoas que pensam e agem igual. O Fuzil de Janeiro dá medo.