Maior companhia aérea do Irã, a Iran Air quer saber qual será o destino de seu pedido por 80 aviões da Boeing que foi suspenso em 2018 após o governo do ex-presidente Donald Trump revogar a licença de exportação ao país.
De acordo com a agência de notícias iraniana Tasnim, nesta semana a Organização de Aviação Civil do Irã (CAO) enviou um apelo à fabricante americana indagando sobre o andamento da encomenda avaliada em US$ 16,5 bilhões realizada em 2016.
Além dos aviões da Boeing, a Iran Air também encomendou 100 jatos da Airbus e 20 turboélices da ATR, mas também foi impedida de recebê-los devido às sanções dos EUA contra o Irã. Somando os acordos com as três fabricantes, a transportadora iraniana planejava um investimento de US$ 36 bilhões para renovar sua frota.
“O contrato do Irã com a Airbus e a ATR foi suspenso. Em relação ao contrato que temos com a Boeing, uma carta foi escrita recentemente para esclarecer seu destino”, disse Touraj Dehqani Zanganeh, presidente-executivo da CAO.
Todos os três negócios dependiam da licença de exportação dos EUA devido ao uso de componentes fabricados nos EUA nas aeronaves. Antes das autorizações serem revogadas em 2018 pelo Departamento do Tesouro dos EUA, a Iran Air recebeu um Airbus A321, dois A330 e 13 modelos ATR 72-600.
Com a saída de Trump da Casa Branca e o início do governo de Joe Biden, o Irã espera retomar os acordos com as empresas do Ocidente, sobretudo a Airbus e a ATR.
“Há definitivamente uma possibilidade de que os contratos da ATR e da Airbus sejam reativados. Se ocorrer uma abertura, eles terão que voltar aos contratos”, disse Zanganeh.
Em declarações anteriores, Joe Biden disse que está pronto para retornar ao “caminho da diplomacia” com o Irã e suspender as sanções, desde que o país obedeça o acordo nuclear internacional.
O Irã insiste que qualquer avanço nos acordos deve vir com o “levantamento das sanções ilegítimas” que têm prejudicado os planos econômicos do país desde a Revolução Islâmica, em 1979.
“Um dos setores tiranicamente boicotados desde os primeiros dias da vitória da Revolução Islâmica foi a indústria de aviação iraniana”, reclamou o diretor da agência de aviação iraniana.
Frota de aviões do passado
Por conta das sanções econômicas, o transporte aéreo no Irã depende de uma frota de aviões já bastante antigos. Grandes empresas do país, como Iran Air, Kish Air e Mahan Airlines operam jatos que praticamente já deixaram de voar no Ocidente como os Airbus A300 e A310, Boeing 747-200, McDonnell Douglas MD-80 e Fokker 100.
Os aviões comerciais mais novos em uso no país são justamente a última leva de jatos Airbus e turboélices ATR recebidos pela Iran Air entre 2016 e 2018. Na época, a venda das aeronaves foi autorizada pelo ex-presidente Barack Obama, que tinha Joe Biden como vice.
Segundo Dehqani Zanganeh, o setor de aviação comercial iraniano conta atualmente com 162 aeronaves mantidas “por jovens iranianos”.
“Antes da revolução, os pilotos iranianos tinham que ir para o exterior para treinar, mas hoje eles são treinados dentro do Irã, tornam-se pilotos e depois trabalham para empresas estrangeiras, o que significa que agora tudo é ao contrário”, salientou o diretor da CAO.
O Irã ainda continua importando aeronaves usadas. De acordo com Dehqani Zanganeh, oito aviões de passageiros de fabricação ocidental chegaram recentemente ao país e estão prestes a entrar em operação. Outros 16 aviões serão entregues até o final de março.
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