Há alguns anos, a visita do E195-E2 ao Japão seria puramente um evento formal já que a chance de a Embraer vender sua nova linha de jatos comerciais no país era pequena diante do esforço do governo para emplacar o Mitsubishi SpaceJet.
Mas o ambicioso programa de aeronaves regionais japonesas faliu após consumir bilhões de dólares do grupo Mitsubishi, que suspendeu seu desenvolvimento, embora poucos acreditem que há qualquer chance de ser retomado no futuro.
O revés certamente foi sentido bastante pela All Nippon Airways, maior companhia aérea japonesa e que era o cliente de lançamento da aeronave desde quando se chamava MRJ (Mitsubishi Regional Jet). Até mesmo os protótipos desfilaram com a pintura azul da transportadora por algum tempo.
Com o rival fora da jogada, a Embraer aproveitou a recente passagem pelo Zhuhai Airshow, na China, para esticar a estada do E195-E2 Tech Lion na Ásia. A aeronave de demonstração voou até o Aeroporto de Haneda, em Tóquio, onde a fabricante realiza um evento de apresentação aos possíveis clientes locais.
O E195-E2, maior versão da família E2, com capacidade para até 146 passageiros, é uma novidade para as empresas aéreas japonesas, que não estão habituadas a operar aviões desse porte.
Duas clientes no Japão
A Embraer possui dois clientes no Japão, a Japan Airlines, por meio da subsidiária regional J-Air, e a Fuji Dream Airlines. Ambas operam o menor dos E-Jets, o E170, além do E175 e do E190. Ao todo, são 48 jatos brasileiros, 21 E170, 13 E175 e 14 E190, os mais antigos deles, três E170 da Fuji Dream, com média de idade de 15 anos.
“Estamos animados para apresentar as características do E195-E2 aos líderes do setor aeronáutico japonês, tais como o desempenho excepcional, baixo nível de ruído e de consumo de combustível e baixo custo de operacional”, disse Raul Villaron, Diretor de Vendas da Embraer Aviação Comercial na Asia-Pacífico.
Na visão da empresa, há potencial para a venda de 120 aeronaves com até 150 assentos no Japão nos próximos 20 anos. Além do E195-E2, a Embraer também produz o E190-E2, com até 114 assentos, e que seria o concorrente direto do SpaceJet M90, a única versão que voou da finada aeronave da Mitsubishi. A aeronave japonesa teve 15 pedidos da ANA e 32 pedidos da Japan Airlines.
Se tivéssemos o JCAB (órgão de certificação japonês) e os executivos canadenses que dirigiam a MITAC (braço da Mitsubishi criado para desenvolver o spacejet) aqui no Brasil, a Embraer nunca implicaria voo…