A fabricante chinesa Commercial Aircraft Corporation of China (COMAC) afirmou nesta sexta-feira (27) que finalizou o projeto do jato de passageiros C919, abrindo o caminho para a agência de aviação civil da China iniciar os testes de voo finais e o processo de certificação da aeronave no país. A notícia foi antecipada pela agência Reuters.
Segundo a publicação, a COMAC informou que a Administração de Aviação Civil da China (CAAC), o equivalente chinês a ANAC do Brasil, emitiu a Autorização de Inspeção de Tipo do C919. Isso significa que a fabricante não pode mais efetuar grandes ajustes na estrutura da aeronave. Caso isso ocorra, o processo de certificação volta a estaca zero.
A empresa chinesa espera obter o certificado de aeronavegabilidade para o C919 na China em 2021. A homologação da CAAC permitirá que a COMAC inicie as entregas do jato para transportadoras chinesas.
Avião chinês para o mercado chinês
Ainda sem grandes ambições internacionais, a COMAC é uma fabricante estatal e tem como principal objetivo abastecer primeiramente o mercado aéreo chinês, hoje o segundo maior do mundo e no caminho para se tornar o primeiro, superando os EUA. No futuro, a empresa pode tornar a China independente da compra massiva de aviões fabricados no Ocidente, como ocorre atualmente.
O C919 é projetado para competir na mesma categoria dos tradicionais Airbus A320 e Boeing 737, os jatos comerciais mais vendidos do mundo. Segundo dados da fabricante, o jato chinês tem capacidade para receber até 168 passageiros e alcance em torno de 4.000 km.
A COMAC informa em seu site (sem diferenciar pedidos firmes e opções de compra) que possui 815 pedidos pelo C919 de 28 compradores diferentes, sendo a maioria empresas chinesas. O primeiro cliente da aeronave será a China Eastern Airlines, a segunda maior companhia aérea da China.
Uma das metas de fabricante é produzir 2.000 exemplares do C919 nos próximos 20 anos para abastecer o mercado doméstico. A meta parece ousada, mas é totalmente plausível por um motivo: o governo chinês controla a maioria das companhias aéreas do país e exigirá que elas comprem os produtos da COMAC, como já vem acontecendo com o jato regional ARJ21. Não à toa, a empresa estatal já tem uma lista de pedidos cinco vezes maior que a da Embraer.
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Thiago, dificilmente empresas do Ocidente deixarão de voar jatos do TRIO Airbus/Boeing/Embraer para uma companhia que fabrica cópias de aviões russos e sem a avionica Collins/Garmim/Raytheon.