Grande aposta da China para reduzir sua dependência de aviões comerciais importados, o jato C919 desenvolvido pela fabricante estatal COMAC deve estrear em breve no mercado chinês.
De acordo com a agência Xinhua, a primeira entrega da aeronave deve acontecer até o final deste ano. O cliente de lançamento será a China Eastern Airlines, a segunda maior empresa aérea chinesa depois da China Southern Airlines, que também encomendou o C919.
A mídia chinesa diz que o avião está em estágio avançado nos trâmites de certificação. Na última semana, por exemplo, o C919 completou a fase de testes em clima congelante na região de Hulunbuir, no norte da China. Espera-se que a homologação do avião seja aprovada pela autoridade de aviação chinesa até o último trimestre de 2021.
Problema à vista
Apesar do otimismo visto nas publicações chinesas, a COMAC deve encontrar sérias dificuldades para finalizar seu avião no prazo estipulado.
Num de seus últimos atos como presidente dos EUA, Donald Trump incluiu a fabricante na lista de “empresas militares chinesas”, o que a impede de receber componentes de empresas norte-americanas.
Se não for revogada pelo governo de Joe Biden, a proibição pode arruinar os planos da COMAC de entregar o C919 em 2021 ou até interromper o desenvolvimento do novo jato chinês.
Por mais que a China esteja avançando na cadeia de fornecimento da indústria aeroespacial, o país ainda carece de componentes confiáveis. O C919, por exemplo, é extremamente dependente de fornecedores estrangeiros como a Parker Aerospace (Sistema de controle de voo e de combustível), Rockwell Collins (radar meteorológico), Michelin (Pneus), Liebherr (sistema anti-gelo das asas), motores (CFM) e até a caixa-preta (GE).
Outro produto da COMAC, o jato regional ARJ21 também pode ser afetado pelo corte no fornecimento de componentes para sua fabricação.
Avião chinês para o mercado chinês
A COMAC lançou o programa C919 em 2008 e esperava entregar os primeiros exemplares em 2014. No entanto, a produção do primeiro protótipo começou apenas em 2011 e o jato completou seu voo inaugural em 2017. Em novembro do ano passado, a autoridade de aviação chinesa aprovou o projeto da aeronave, embora sua certificação siga indefinida.
O C919 é projetado para competir na mesma categoria dos tradicionais Airbus A320 e Boeing 737, os aviões comerciais mais vendidos do mundo. Segundo dados da fabricante, o jato “Made in China” tem capacidade para receber até 168 passageiros e alcance de voo entre 4.000 km e 5.500 km.
A fabricante chinesa informa em seu site (sem diferenciar pedidos firmes e opções de compra) que possui 815 pedidos pelo C919 de 28 compradores diferentes, sendo a maioria esmagadora de empresas chinesas.
Um dos objetivos da fabricante chinesa é produzir 2.000 exemplares do C919 nos próximos 20 anos para abastecer o mercado doméstico. A meta parece ousada, mas é totalmente plausível por um motivo: o governo chinês controla a maioria das companhias aéreas do país e exigirá que elas comprem os produtos da COMAC, como já vem acontecendo com o jato regional ARJ21.
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Imagina o tamanho do prejuízo para os EUA se esse avião”decolar”de fato. Espero que isso aconteça, pois o que o porcão duroc fez é jogo sujo.