A pequena cidade de L’Isle-Jourdain, no sul da França, teve um dia especial e triste nesta semana. O local é conhecido por ser um ponto de parada de caminhões transportando as imensas partes do A380, o maior jato comercial do mundo. E nesta quarta-feira, 27, foi a vez do último comboio partir em direção a Toulouse, onde a aeronave será finalizada pela Airbus.
Por seu tamanho incomum, apenas a cauda do A380 é transportada pelo cargueiro Beluga enquanto os demais componentes seguem por navio ou caminhões de suas fábricas em Hamburgo, Cadiz (Espanha), Saint-Nazaire (França) e Broughton (País de Gales), entre outras. Essas peças são então acomodadas em enormes caminhões que viajam a uma velocidade de 18 km por hora até Jean-Luc Lagardère, onde fica a principal fábrica da Airbus.
O exemplar final transportado nesta semana será entregue à Emirates Airline em 2021. Ele será o 251º A380 produzido em série, uma rotina que começou em 2007 com a entrega da primeira aeronave para a Singapore Airlines. Além dele, a Airbus ainda tem outros oito jatos para serem finalizados, incluindo uma unidade para a ANA, última cliente do modelo – as demais serão enviadas para a companhia aérea do Oriente Médio, de longe sua maior operadora.
The final #A380 convoy drive through the streets of Levignac near Toulouse heads to the final assembly line. ? #AvGeek pic.twitter.com/uvWR1StyzV
— Aviation Toulouse (@Frenchpainter) February 26, 2020
Montagem e desmontagem
A carreira do A380 mostrou-se extremamente curta. Entre o primeiro voo comercial e a entrega do último avião terão se passados apenas 14 anos, um período bem menor do que seu rival, o Boeing 747, que completou 50 anos em operação em janeiro.
Poucos meses atrás, o primeiro desses aviões foi desmontado na França e o número de jatos desativados deve crescer cada vez mais já que eles não têm atraído o interesse de outras companhias aéreas, com exceção de uma unidade, alugada para empresa portuguesa de wet-lease Hi-Fly.
Criado para ser a solução para os aeroportos congestionados, o imenso avião ficou obsoleto rapidamente diante do avanço de aeronaves como o 787 e o A350. Com quatro motores e uma logística de operação difícil, o A380 encontrou sua utilidade justamente na Emirates Airline, que utiliza mais de uma centena deles como principal aeronave de seu hub em Dubai.
Mas até a maior cliente do A380 pode mudar de ideia caso o 777X, maior jato bimotor do mundo, se mostre tão eficiente como promete. Com uma capacidade de passageiros elevada, o novo avião da Boeing pode ser uma alternativa para as densas e longas rotas da Emirates, que deverá receber o primeiro 777-9 no início de 2022, quando o A380 já tiver deixado a linha de montagem.
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