A Comissão Europeia, representando o Fundo Europeu de Defesa (EDF), lançou no mês passado uma concorrência para analisar a viabilidade do desenvolvimento de um novo cargueiro tático de porte médio, programa que a instituição chama de FMTC (sigla em inglês para Futuro Cargueiro Tático Médio). O projeto é coordenado pela França e conta com a participação da Alemanha e Suécia.
Um documento divulgado pelo EDF cita que o programa FMTC é pensado para substituir os antigos aviões táticos em operação atualmente entre as forças aéreas europeias, como o C-130 Hercules e o CASA C295. A aeronave, no entanto, deve ser uma alternativa menor e mais leve ao Airbus A400M Atlas, conforme especificou a instituição na licitação.
“O objetivo deste projeto é aumentar as capacidades de mobilidade aérea das forças armadas dos Estados-Membros da União Europeia com o novo FMTC. Busca complementar as missões do A400M, inclusive em pistas estreitas e curtas não preparadas, para enfrentar de forma coletiva e eficiente os próximos desafios de transporte em operações militares ou situações de resposta a crises”, cita o documento.
O plano de estudo propõe uma análise cooperativa sobre as necessidade operacionais de transporte tático da UE no período entre 2030 e 2050, além da identificação de oportunidades de desenvolvimento do FMTC na Europa, entre os países membros do EDF. A licitação, que deve avaliar uma ou duas aeronaves, ficará aberta até 24 de novembro de 2022.
Oportunidade para o Embraer C-390 Millennium?
No documento onde o programa FMTC é mencionado, o EDF não especifica se o novo cargueiro tático deve ser ou não um produto 100% europeu. O texto, por outro lado, destaca que nações da Europa e a indústria local devem participar do projeto, o que pode abrir possibilidade para empresas de fora do bloco por meio de parcerias com fabricantes da região.
Atualmente, as principais aeronaves no segmento de cargueiros médios de uso militar são o tradicional Lockheed Martin C-130 Hercules (na versão J, a mais moderna), e o Embraer C-390 Millennium – que tem três clientes na Europa, as forças aéreas da Holanda, Hungria e Portugal.
Uma eventual participação da Lockheed Martin ou da Embraer no programa FMTC pode ser viável por meio de parcerias estratégicas com fabricantes da Europa. Esse assunto, inclusive, interessa a empresa brasileira, que já admitiu ter negociações para contar com um parceiro no programa C-390 Millennium no intuito de abrir novos mercados para a aeronave.
Questionada pelo AIRWAY se pretende participar do programa FMTC, a Embraer não respondeu até o fechamento deste texto.