O jornal chinês Global Times, controlado pelo governo da China, publicou um artigo na semana passada com o depoimento de um piloto da Força Aérea do Exército Popular de Libertação (PLAAF) que tece diversos elogios ao caça J-16, considerado por ele “à prova de falhas”.
O caça multifunção fabricado pela Shenyang nada mais é do que uma versão desenvolvida na China do Sukhoi Su-30, aeronave de combate russa de dois lugares e que também opera no país asiático.
Wang Songxi, um instrutor de voo militar, foi entrevistado pela TV estatal CCTV, onde explicou que o J-16 é superior a todos os caças que ele já voou. “O J-16 não tem falhas pois é equipado com diversos tipos de armas e pode operar em todas as condições climáticas”, garantiu o piloto chinês.
O militar também fez questão de citar um exercício de combate aéreo entre o J-16 e o J-10, um caça monomotor desenvolvido na China pela Chengdu, no qual o modelo da Shenyang se mostrou mais capaz, segundo ele.
O J-16 tem sido visto com mais frequência em exercícios militares no estreito de Taiwan, diz o jornal. A PLAAF não revela quantas unidades do caça possui, mas estima-se que existam seis esquadrões atualmente, com cerca de 35 aeronaves cada, o que significaria pouco mais de 200 caças.
Aprimoramentos e motor chinês
Apesar de um certo exagero do piloto chinês, é fato que o J-16 se diferencia profundamente dos caças produzidos pela Sukhoi, mesmo de versões mais recentes.
A China passou a receber os caças MiG-29 e Su-27 logo após o fim da União Soviética e não demorou para que produzisse versões sob licença como o J-11 e o J-15, um caça naval. No entanto, esses aviões pouco tinham de diferentes dos similares russos.
O J-16 marcou um esforço do governo em adaptar o projeto original aos requerimentos chineses e também ampliar o uso de componentes locais.
Graças a essa iniciativa, o caça da Shenyang tornou-se mais avançado que o russo. Um dos principais diferenciais é o avançado radar AESA (radar de varredura eletrônica ativa), mas o J-16 também incorpora outros aviônicos como um sensor infravermelho de busca e aquisição de avlos (IRST) chinês.
O avião de combate também transporta armamento desenvolvido por empresas chinesas e é equipado com o turbofan WS-10 no lugar do AL-31F russo. O motor é baseado no CFM-56 civil e oferece desempenho semelhante ao turbofan da Saturn, embora rumores indiquem ser menos confiável.
A China também alega ter reduzido o peso do caça por conta do uso de materiais compostos, algo que os russos não dominam da mesma forma. Por essa razão, o J-16 seria mais leve que o Su-30 mesmo transportando mais equipamentos e armamentos.
Por fim, o J-16 recebeu material absorvente de radar que ampliou sua capacidade furtiva, garante a imprensa chinesa.
Mesmo que muitos desses relatos sejam inflados, é fato que o Shenyang J-16 é atualmente um importante ativo da PLAAF, cuja principal estrela, o caça stealth J-20, ainda tem uma frota reduzida.
O J-16 assume assim um papel semelhante ao clássico F-15 Eagle na USAF, ou seja, ser um caça versátil e numeroso, tornando o poderio militar chinês ainda mais presente na região.