Como a Embraer quer convencer os EUA a comprarem o KC-390

Após fechar parceria com empresa norte-americana, fabricante brasileira agora contratou importante consultoria para ajudá-la a acessar o mercado de defesa dos Estados Unidos
O KC-390 com uma lança de reabastecimento aéreo, equipamento padrão da USAF
O KC-390 com uma lança de reabastecimento aéreo, equipamento padrão da USAF (Embraer)

A Embraer ousou criar uma aeronave que compete com um dos orgulhos da indústria aeroespacial dos EUA, o cargueiro militar C-130 Hercules, da Lockheed Martin.

Estamos falando do C-390 Millennium, um jato multimissão que usa turbofans IAE V2500, os mesmos da família A320ceo, e pode levar mais carga a uma velocidade maior que o famoso turboélice de quatro motores.

Embora tenha conquistado alguns contratos significativos, a Embraer até agora coleciona 40 pedidos firmes do C-390, quase metade da Força Aérea Brasileira, que também é sócia no projeto.

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O KC-390 está em serviço desde 2019 (FAB)
O KC-390 está em serviço desde 2019 (FAB)

Há 70 anos no mercado, o Hercules acumula mais de 1.700 aeronaves vendidas, mas é a geração C-130J que compete com o avião brasileiro.

O desafio, portanto, é encontrar mais países dispostos a deixar de lado a tradição para investir numa aeronave mais moderna e capaz, mas que é muito jovem, prestes a completar apenas 5 anos em serviço.

Entre os mercados que podem dar origem a grandes pedidos estão a Índia, a Arábia Saudita e a soma de alguns países europeus, mas a Embraer está disposta a enfrentar o Hercules em sua própria terra natal.

Turboélice C-130J
Turboélice C-130J (Lockheed Martin)

Empresa de consultoria entra em cena

Os planos não são novos, é verdade. Em setembro de 2022 (exatos dois anos atrás) a Embraer anunciou uma parceria com a empresa L3 Harris para oferecer o “Agile Tanker” à Força Aérea dos EUA (USAF), uma variante do Millennium em uma configuração de reabastecimento aéreo com lança.

A USAF, no entanto, tem estudado projetos de aeronaves não tripuladas furtivas para esse fim e não abriu até hoje um requerimento que se encaixe na oferta brasileira.

Sem se dar por vencida, agora a empresa brasileira deu um novo passo para derruvar a “dura parede” que existe para ser um fornecedor estrangeiro de defesa nos EUA.

Segundo a Reuters, a Embraer contratou a consultoria Oliver Wyman para ajudá-la a vender o C-390 Millennium na maior economia do mundo.

Super Tucano - Força Aérea da Nigéria
O primeiro A-29 Super Tucano da Nigéria com sua pintura finalizada (Embraer)

A Oliver Wyman já está trabalhando nesse projeto desde julho buscando uma forma de sua cliente penetrar no mercado dos EUA com seu portfólio de defesa, revelou Bosco Costa Jr. CEO, da divisão militar da Embraer.

A hipótese mais provável para viabilizar essa estratégia seria a fusão ou aquisição de uma empresa de defesa dos EUA.

Com “DNA” norte-americano, muitas barreiras seriam superadas já que o governo do país limita enormemente a atuação de grupos estrangeiros em assuntos de segurança nacional.

PC-9 virou o AT-6 Texan II

De fato, a estratégia ajudou por exemplo a fabricante suíça Pilatus e introduzir o turboélice de treinamento e ataque leve PC-9 no país. Uma associação com a Textron Aviation transformou a aeronave no AT-6 Texan II, em homenagem ao antigo treinador da North American.

Mas nem sempre funciona. A Airbus tentou várias vezes bater a Boeing em concorrências militares mesmo associadas a gigantes de defesa como Lockheed e Northrop Grumman e fracasssou.

A Embraer já tem um importante parceiro nos EUA, a Sierra Nevada, que comercializa o A-29 Super Tucano para países por meio do programa de Vendas Militares ao Exterior (FMS).

Textron AT-6 Wolverine
Textron AT-6 Wolverine

Porém, o Super Tucano acabou não conseguiu ser operado pela própria Força Aérea dos EUA, que chegou a testá-lo para isso.

Bosco da Costa Jr. acredita que o C-390 pode ter um destino diferente já que a USAF ganharia agilidade com uma frota variada de aviões tanque/cargueiros.

A meta, contudo, é extremamente difícil. Basta pensar que a Embraer poderia afirmar que o C-390 Millennium conquistou até mesmo pedidos dos Estados Unidos, onde o Hercules nasceu.

Certamente haverá muita gente no país veria isso como algo inaceitável.

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  1. A arrogância americana não dá trégua. O nosso cargueiro é superior mas jamais irão nos dar essa chance de provar

  2. Os EUA estão corretíssimo nessa questão,ao meu ver a Embraer tem que tentar mesmo,o não já tem kk se nem com o 314 ela conseguiu derrubar o Pilatos lá,nesse capítulo a questão e a mesma,a aeronave brasileira e mil vezes superior,mas desculpa não vai levar

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