A TAP Air Portugal é uma das maiores operadoras estrangeiras do Brasil, com rotas para 10 cidades do país e mais de doze voos diários para Portugal, sendo líder inconteste entre Brasil e a Europa.
Curiosamente, essa pujança é obra de um grupo de brasileiros que comandaram a TAP no início da década de 2000 e que viram o potencial de Portugal como hub. Os motivos vão da geografia – é o país europeu mais próximo do Brasil -, a0 fluxo constante de passageiros devido aos laços históricos e ao idioma em comum, tornando as conexões mais agradáveis.
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O grupo foi liderado por Fernando Pinto, ex-presidente da VARIG, com Manoel Torres, Luiz da Gama Mór e Michael Conolly também provenientes da empresa gaúcha. Na época, as ligações Brasil-Portugal eram realizadas pela TAP, Transbrasil e VARIG.
Saindo de Lisboa, a Transbrasil e a VARIG tinham cada uma sete voos semanais para o Brasil, todos com destino à São Paulo, com alguns dos voos com escalas em Fortaleza (1), Recife (1) Rio de Janeiro (3) e Salvador (1). Já a TAP tinha 18 voos semanais para as mesmas cidades atendidas pelas congêneres brasileiras, além de um semanal para Natal. Apesar de líder do mercado, com oferta de 4.320 assentos oneway (contra 1.561 da Transbrasil e 1.337 da VARIG), os voos da TAP operavam em diferentes horários do dia, eram triangulares e sem sincronização com os voos europeus, tornando a operação da TAP não atrativa para o público corporativo.
Fernando Pinto reorganizou a malha entre os dois países, sincronizando os voos brasileiros com os europeus, permitindo rápidas conexões com apenas uma escala. Para o Nordeste era muito importante esta comodidade, pois evitava ir até o São Paulo ou Rio de Janeiro para trocar de avião e sobrevoar novamente o Nordeste para então chegar ao destino europeu.
Sob nova gestão, a partir de abril de 2001 os voos Portugal-Brasil foram racionalizados: Rio de Janeiro e São Paulo teriam voos diários saindo de Lisboa em horários fixos; Recife teria voos diários, sendo dois via Fortaleza; Salvador teria dois voos exclusivos; Natal foi cancelado, assim como as operações diretas entre Porto e o Brasil. No total, seriam 23 voos semanais e 5.710 assentos.
Era um crescimento expressivo, representando 25% de aumento na oferta de voos e de 33% na quantidade de assentos. A TAP via a oportunidade de crescer diante de uma Transbrasil que agonizava em sua operação internacional.
A TAP usava dois modelos ideais para as operações brasileiras: o A340-300, seu flagship de 278 lugares e empregado nas rotas para São Paulo e Rio de Janeiro, e o A310-300, com 202 assentos e com raio de ação para fazer qualquer cidade do Nordeste a partir de Lisboa sem penalidades.
A líder entre Brasil e Europa
Com a malha reorganizada, a TAP passou a ser não apenas uma ligação naturam com Portugal, mas uma opção para a Europa como um todo. Com sucesso entre os passageiros, as frequências eram ampliadas até atingr um feito notável em 2004: todas suas bases brasileiras possuíam voos diários para Lisboa e a operação para Natal foi retomada com três voos semanais. Com isso, a TAP dobrou a quantidade de voos para o Brasil entre 2000 e 2004, em um período econômico adverso do país.
Porto voltou a ter ligações com o Brasil em 2006, com seis voos semanais, divididos igualmente entre Rio de Janeiro e São Paulo. O retorno foi possível com a chegada dos primeiros Airbus A330-200, com capacidade para 224 assentos, que representava 20% de aumento na oferta em relação aos A310-300 que deveriam substituir (188 assentos).
Em 2007 as operações da TAP aumentaram significativamente no país, devido ao crescimento econômico e à falência da VARIG, tornando a empresa monopolística na rota. A única concorrente foi a BRA, que operou brevemente com dois voos semanais entre Rio de Janeiro e Madri, via São Paulo e Lisboa.
Brasília tornou-se o sétimo destino da empresa no país, com cinco voos semanais. No ano seguinte, Belo Horizonte foi adicionada à malha da TAP, também com cinco voos semanais, todos com o A330-200.
A crise econômica global afetou as operações da TAP em 2009, com os voos sendo reduzidos pela primeira vez desde a gestão de Fernando Pinto na empresa. O retorno do crescimento ocorreu em 2010 com uma nova cidade: Campinas, com três voos semanais.
Porto Alegre tornou-se o décimo destino da empresa no país, em 2011, com três voos semanais com os A330-200. Em 2014 a empresa atinge outra marca no país: operação em todas as regiões brasileiras, com o lançamento do voo triangular Lisboa-Manaus-Belém-Lisboa três vezes por semana com os A330-200.
Em 2015, a TAP foi parcialmente privatizada e o vencedor foi o consórcio Atlantic Gateway, formado pelo grupo português Barraqueiro e a brasileira Azul. O nome do consórcio já indicava os planos dos novos gestores com a companhia aérea.
Parte deste plano foi o lançamento do “Portugal Stopover”, na qual os passageiros em conexão poderiam ficar três dias em Lisboa sem nenhum custo adicional. O programa foi um sucesso imediato.
Apesar do otimismo, a TAP cancelou as rotas para Manaus e Campinas, esta última gerando protestos por parte dos funcionários, sindicatos e de parte dos portugueses, pois a Azul assumiu a rota no lugar da sua coligada.
Em 2017 um novo modelo é empregado nas rotas brasileiras: o A330-300, proveniente da Singapore Airlines e que serviriam a empresa até a chegada do A330neo encomendados.
Brasil como estréia mundial do A330neo
Configurado para 298 assentos, o A330neo chegou em 2018 e Lisboa-São Paulo teve a primazia de ser a primeira rota comercial do modelo no mundo, em 15 de dezembro. O avião veio com a função de substituir os cansados A340-300, entregues em 1994.
No dia 05 de abril de 2019 a TAP recebeu o primeiro de 12 Airbus A321LR encomendados. Com capacidade para 168 lugares, o modelo é uma variação do A321neo com mais peso e alcance de 7.400 km, ideal para mercados secundários e que não possuem demanda para aeronaves maiores. Situação perfeita para a malha africana, nordestina e norte-americana da TAP, ao ponto do então presidente Antonoaldo Neves chamar de A321LR Lisbon Range, pela capacidade de atender inúmeros destinos da empresa.
No mesmo ano a TAP trocou o A330-200 da rota de Belém para o A321LR, assim como para o segundo voo diário para Recife. Em 2019, duas aeronaves despediram-se da frota da TAP com seus últimos voos comerciais saindo do Brasil: em 13 de julho o A330-300 fez o último voo para Lisboa saindo de Salvador. Em 26 de outubro foi a vez do A340-300, no voo Recife-Lisboa.
A pandemia do coronavírus não foi diferente para a TAP no Brasil, reduzindo seus voos apenas a alguns semanais para São Paulo e Rio de Janeiro. Mesmo assim a empresa mostrava confiança no mercado brasileiro e lançou voos para Maceió em outubro de 2020, que estava prevista desde 12 de junho do mesmo ano e que durou por alguns meses. Naquele fatídico ano, a TAP programou 44 voos semanais para o Brasil, o menor desde 2005.
Em 2021 a TAP retornou as operações para Belém e Natal, voltando para mesma quantidade de cidades atendidas antes da pandemia. Maceió também retornou de forma definitiva, porém com escala em Natal.
Em 2024 é prevista que a operação da TAP supere o nível pré-pandemia, atingindo o recorde de 95 voos semanais, divididos em São Paulo (24), Recife (13), Rio de Janeiro (14), Fortaleza (9), Belo Horizonte (7), Brasília (7), Salvador (7), Natal (6, sendo 3 continuam para Maceió), Belém (5), além do lançamento de três voos semanais para Florianópolis a partir de 03 de setembro.
A rota para Porto Alegre está suspensa desde as enchentes que assolaram o estado em maio deste ano e não há previsão de retorno. Mesmo antes das enchentes, a Florianópolis era cogitada como potencial destino da TAP no país, pela presença da comunidade portuguesa, a ausência de ligações com a Europa e o incentivo da Floripa Airport. Resta saber se após abertura do Aeroporto Salgado Filho a demanda em Florianópolis continuará.
O potencial de Lisboa como hub transatlântico não se deveu apenas as rotas entre Brasil e Europa, mas entre EUA, Europa e África também. Esta aposta da equipe do Fernando Pinto é refletida nos números hoje: em 2023 a TAP transportou 15,9 milhões de passageiros, sendo 1,9 milhões nas rotas brasileiras. Apesar de responder por cerca de 12% dos passageiros da TAP, o Brasil responde por 30% do faturamento da empresa e 50% dos 214 mil passageiros que usaram o Portugal Stopover.
Com números tão animadores não é de estranhar que a TAP possa atingir a marca de 100 voos semanais entre os dois países em 2025, reforçando o papel da empresa portuguesa como líder nas ligações entre o Brasil e Europa.
Só para rir. único que prestou foi o Eng Fernando Pinto. ainda assim vitimado por interesses políticos no negócio da VEM.
Pode até liderar mas o serviço é ruim. Perde mala, atrasa voo, trata mal o passageiro brasileiro. Quem voa com eles descobre .