Nem Gol ou Latam, nem Avianca ou Azul. A companhia aérea brasileira que registrou o maior crescimento no volume de passageiros transportados em 2018 foi a pouco conhecida MAP Linhas Aéreas, de Manaus (AM), com um aumento de 20% nas vendas de bilhetes. De acordo com a empresa manauara, sua frota de aviões turbo-hélice ATR transportou um total de 150 mil ocupantes no ano passado pelos 14 destinos atendidos nos estados do Amazonas e Pará. E a meta da MAP é continuar crescendo e ganhar fama nos principais mercados de aviação comercial do Brasil.
No balanço sobre os resultados alcançados em 2018 divulgado nesta semana, a MAP também apresentou seus planos para continuar sua expansão. O objetivo da empresa é encerrar 2019 com 200 mil passageiros transportados. Para atingir esse número a companhia de Manaus adiantou que planeja aumentar o número de voos para alguns dos municípios que atende e, em breve, irá anunciar um acordo de codeshare (voos compartilhados) com uma “grande companhia da aviação brasileira”.
Segundo fontes consultadas pelo Airway, a MAP está na fase final de negociação de um acordo de codeshare com a Gol, que deve ser formalizado em abril. A empresa do Amazonas não confirma a informação e a Gol, contatada pela reportagem, ainda não comentou sobre o assunto.
“A MAP realizou um trabalho de estruturação interna, com foco na maximização de resultados. Conseguimos melhorar todos nossos indicadores, como o load factor (taxa de ocupação) das aeronaves e, consequentemente, oferecer passagens com preços mais atrativos”, afirmou Héctor Hamada, CEO da MAP.
Além disso, segundo o executivo, a companhia atuou forte em campanhas de marketing, reforçando a cultura do planejamento e mostrando aos clientes no Amazonas e Pará que adquirir a passagem aérea com antecedência é muito mais vantajoso.
Em entrevista ao Airway em novembro de 2018, Héctor Hamada contou que um dos objetivos com as campanhas de marketing é tornar a MAP a primeira marca conhecida de Manaus. A empresa é atualmente a sexta colocada no mercado de aviação comercial brasileiro, atrás da Passaredo e as quatro grandes (Gol, Latam, Azul e Avianca, pela ordem de passageiros transportados em 2018 no mercado doméstico).
O CEO da companhia também disse que a empresa se prepara para passar pela auditoria da IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos) para receber a recertificação IOSA (Auditoria de Segurança Operacional da IATA), que atesta o nível de segurança operacional da MAP de acordo com normas internacionais. A primeira certificação IOSA foi obtida pela empresa manauara em dezembro de 2017.
Novo avião e mais frequências
No primeiro trimestre de 2019, a MAP colocará em operação uma nova aeronave, adquirida por meio de leasing, um modelo ATR 72-500. Com isso, a empresa de Manaus passará a contar com uma frota de seis aeronaves, sendo três ATR 42-300, com capacidade para 45 passageiros, e três ATR 72 (sendo dois ATR 72-300), para até 66 ocupantes.
Até 2022, a MAP planeja transportar mais de um milhão de passageiros por ano, volume que exige uma frota com pelo menos 10 aeronaves, como disse Hamada ao Airway anteriormente.
A MAP ainda não fala em inaugurar novos destinos, mas confirmou que planeja aumentar a frequência de voos para alguns municípios em que já atua. As principais bases da empresa são Manaus e Belém, de onde partem voos para os interiores do Amazonas e Pará. Hamada explicou que a empresa está em contato com as prefeituras da região, responsáveis pela administração dos aeroportos, e entidades de infraestrutura, para que sejam realizadas as melhorias necessárias nesses pontos para aumentar a oferta de voos.
O CEO da companhia também afirmou que as prefeituras precisam reforçar a capacitação de mão de obra de qualidade para atuar na administração dos aeroportos, além de implementar melhorias nos serviços de telefonia e internet, que na visão de Hamada são “imprescindíveis” para a comunicação entre os municípios.
Héctor Hamada ainda destaca que, por meio da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), a qual a MAP associou-se em setembro de 2018, a companhia está buscando soluções com as entidades, prefeituras e órgãos do setor para tentar solucionar as questões que impedem a realização de mais voos para essas localidades. “Todos esses desafios não são novos, mas a MAP vem, junto com as autoridades do setor, trabalhando para encontrar alternativas, porque isso só trará benefícios para a região”, explicou.
O diretor da MAP afirmou que existem municípios com demanda não atendida no Amazonas e Pará e que representam mercados estratégicos para a MAP. “Há uma demanda grande, tanto de passageiros internos, ou seja, do próprio estado, quanto de pessoas que viajam de outras regiões para essas cidades, a trabalho ou passeio”, pontua.
Avião ou barco
A MAP é a única companhia aérea do Brasil que opera pelos rincões da Amazônia, como em Eirunepé e Carauari, no Amazonas, e Itaiatuba e Porto Trombetas, no Pará. Algumas das cidades atendidas pela empresa de Manaus, devido a complexidade geográfica da região, não contam com ligações terrestres. Desta forma, as únicas formas de se deslocar por essas localidades é de avião ou de barco, em viagens que podem durar quase uma semana.
O primeiro voo da MAP Linhas Aéreas aconteceu em 5 de março de 2013, entre Parintins e Lábrea, ambas cidades no Amazonas. Desde então, à medida que foi incorporando mais aeronaves, a companhia vem crescendo em ritmo acelerado, embora sua participação no mercado nacional seja de apenas 0,1%. A Gol, líder no mercado nacional com 33,7% de participação, transportou mais de 31,5 milhões de passageiros em 2018, segundo contagem da ANAC.
Nota do editor: A MAP explicou ao Airway que o volume de 150 mil passageiros transportados em 2018 no mercado doméstico também inclui passagens grátis, de concessão e de tripulação extra, elementos que não são contabilizados pelo sistema da ANAC.
O desempenho consolidado da companhia de Manaus em 2018 divulgado pela ANAC é de 117.655 passageiros transportados, o que representa um aumento de 14,8% em relação ao resultado contabilizado pela agência em 2017. Apesar de menor que a projeção da própria MAP, continua sendo a maior marca de crescimento do Brasil no ano passado entre as companhias nacionais.
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Com frequência até desagradável ouvimos que o Brasil tem dimensões continentais, mas a terra que acha que o inventor do avião é aqui não tem voos regionais com frequência aceitável exemplo a distância aproximada de BH a Patos de Minas deve ser aproximadamente 500 km e um ônibus (detentor de monopólio no trajeto) consome cerca de 5:00 horas ou pouco mais enquanto de avião Teco-Teco provavelmente faria em duas horas e qualquer turbo hélice mais moderno reduziria o tempo e ofereceria muito conforto. Será que não temos voo porque não temos suficientes passageiros ou não temos passageiros porque não existem voos??? Alguém precisa quebrar o paradigma.
A MAP é sem dúvida um exemplo de que essa região possui uma ótima demanda, e que a muito tempo era pouca explorada. Espero que a empresa consiga crescer ainda mais e ter um bom acordo de codeshare. Seria interessante que outras empresas regionais surgissem em outras regiões do Brasil, para aumentar ainda mais a quantidade de voos.