A desconhecida companhia aérea TransNusa, da Indonésia, será o primeiro operador estrangeiro do jato de passageiros ARJ21 da fabricante chinesa COMAC. A encomenda inicial de 30 aeronaves, no entanto, não partiu diretamente da empresa indonésia.
Os aviões serão propriedades da China Aircraft Leasing (CALC), de Hong Kong, que confirmou o pedido nesta sexta-feira (8). A empresa de leasing de aeronaves tem uma participação acionária de 49% na TransNusa, que por sua vez alugará os jatos chineses.
Em comunicado divulgado na bolsa de valores de Hong Kong, a CALC informou que as aeronaves serão entregues à TransNusa “em estágios” até 2026, mas não revelou uma data sobre a entrega do primeiro exemplar. O contrato ainda inclui opção de compra de 30 jatos ARJ21 adicionais.
Anteriormente, em dezembro de 2019, CALC havia assinado um acordo de cooperação estratégica com a TransNusa para “impulsionar a próxima fase de crescimento e expansão” da companhia aérea. Acrescentou que o negócio ajudaria a empresa indonésia a “aumentar sua capacidade de fornecer serviços de transporte aéreo de excelência”.
A incorporação dos 30 jatos ARJ21 a TransNusa pode aumentar seus negócios de forma significativa. A empresa fundada em 2005 opera atualmente uma frota com sete turboélices ATR 72-600 e um ATR 42-500 em voos domésticos e um jato BAe 146-100, que realiza o única rota internacional da empresa, para Timor Leste.
ARJ21 avança, mas só na China
O ARJ21-700 é a primeira experiência bem-sucedida dos chineses em construir um jato comercial. O avião foi projetado a partir de uma “receita pronta”, o McDonnell Douglas MD-80/MD-90, com uma adição de atualizações desenvolvidas localmente pela COMAC. Proposto para voos regionais, o jato chinês tem capacidade para embarcar entre 78 e 90 passageiros e tem alcance de até 3.700 km.
No ano passado, a COMAC teve seu primeiro desempenho de entregas expressivo, com um saldo de 24 jatos ARJ21 enviados aos clientes, todos eles empresas aéreas da China. Com esse resultado, a fabricante estatal chegou a 46 exemplares entregues de seu primeiro jato de passageiros, que atende o mercado chinês desde 2016.
A fabricante chinesa informa em seu site (sem diferenciar pedidos firmes e opções de compra) que tem 616 encomendas de 23 empresas aéreas pelo ARJ21. Próximo produto da COMAC, o C919 soma ainda mais pedidos: 815 aviões para 28 companhias. Esse primeiro grupo de compradores é formado por uma maioria esmagadora de clientes chineses, com algumas raras exceções na África e na Ásia.
A grande vantagem da COMAC em relação aos demais fabricantes do Ocidente é ter o governo chinês como sócio. Facilitando ainda mais o caminho dos jatos comerciais “Made in China”, o estado também controla a maioria das companhias aéreas chinesas e nos próximos anos, por orientação do governo comunista e sem dar chances aos concorrentes, as frotas dessas empresas podem ser renovadas e ampliadas com aeronaves produzidas localmente.
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