Enquanto companhias aéreas tradicionais vem sistematicamente aposentando seus Boeing 747, hoje um dos jatos com os maiores custos operacionais do mundo, a empresa Mahan Air do Irã reativou recentemente seu único jumbo. A aeronave estava armazenada no aeroporto internacional Iman Khomeini, na capital Teerã, desde 2010.
O quadrimotor com prefixo EP-MNB é um 747-400 fabricado pela Boeing em 1989. O primeiro operador do modelo foi a United Airlines e em seguida a Blue Sky Airlines, da Armênia, que repassou a aeronave para a Mahan Air em 2006.
Conforme mostram os dados do Flightradar24, a aeronave vem cumprindo desde o dia 4 de setembro rotas domésticas, principalmente entre Teerã e Mashhad, a segunda maior cidade do Irã. O 747 da Mahan Air também fez um voo para Bagdá, no Iraque, em 15 de setembro.
A cabine do jumbo da Mahan Air é dividida em três áreas com 14 assentos na primeira classe, 72 na executiva e 260 na econômica. É uma capacidade e tanto para um avião que vem sendo usado regularmente em rotas domésticas.
Além do veterano 747, a Mahan Air também tem na frota outros antigos jatos comerciais, como os Airbus A300, A310 e A340 e o BAe 146, o “jumbolino”.
Frota envelhecida no Irã
Com a série de sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos ao Irã nos últimos anos, as frotas de aeronaves das companhias do país praticamente pararam no tempo. É muito comum ainda operações comerciais locais com o Fokker 100 ou versões mais antigas dos Airbus A320 e Boeing 737, mantidos no limite. Não por acaso, as empresas iranianas são proibidas de voar para uma série de países, principalmente na Europa.
A Mahan Air, segunda maior companhias aérea do Irã, é uma das empresas mais afetadas pelas sanções de Washington e vem sendo banida de um país após o outro. Os EUA acusam a companhia de transportar militares e equipamentos para zonas de guerra, o que colocou as autoridades de aviação da Europa sob pressão para proibir suas operações.
Em janeiro deste ano, a Alemanha proibiu a Mahan Air de sobrevoar seu espaço aéreo, citando preocupações de segurança como um fator em sua decisão. Semanas depois, a França seguiu o exemplo, levando ao cancelamento dos voos entre Teerã e Paris. A Itália, no sentido oposto, ainda reluta em proibir a companhia iraniana.
Apesar do sufoco, a Mahan Air ainda está tentando se expandir. No começo deste ano, a companhia relançou os voos para a Sérvia, que estavam suspensos desde 2018 em meio a tensões políticas. A transportadora também opera em destinos na Rússia, Índia, China, Norte da África e Sudeste Asiático, bem como uma série de trechos pelo Oriente Médio. Em abril deste ano, a empresa lançou um voo entre Teerã e Caracas, na Venezuela, mas a operação logo foi encerrada.
Segundo números do World Bank Group, o mercado de aviação do Irã movimentou mais de 25 milhões de passageiros em 2018. Isso é o equivalente a cerca de um quarto do volume de pessoas transportadas no Brasil por companhias aéreas no mesmo período. Porém, diferentemente do mercado brasileiro, composto hoje basicamente por três empresas (Azul, Gol e LATAM), o país no Oriente Médio tem pelo menos 15 companhias em operação em voos domésticos e internacionais.
Recentemente, a Iran Air virou notícia ao ser a primeira empresa do país a registrar lucro operacional após anos de perdas. A maior companhia do Irã teve um ganho de 410 bilhões de rials (modestos US$ 3,59 milhões) no último fiscal iraniano, finalizado em março.
Com as tensões recentes no Irã, acusado de ter participação dos ataques às refinarias de petróleo na Arábia Saudita em setembro, o mercado de aviação comercial do ainda país deve continuar operando estrangulado por muito anos.
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