A onda de falências de companhias aéreas teve um acréscimo nesta segunda-feira (23), a britânica Thomas Cook. Considerada a mais antiga empresa de turismo do mundo, tendo sido fundada em 1841, ela fazia parte de um modelo de negócios que inclui a oferta de pacotes completos, com hospedagem, voos e outros serviços próprios.
Vem daí o assustador impacto do encerramento da empresa: nada menos que 600 mil clientes espalhados por várias partes do mundo ficaram sem condições de retornar aos seus lares por conta da paralisação dos voos da sua companhia aérea, que operava três dezenas de jatos entre modelos A320 e A330.
A situação motivou o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johson, a empreender o maior esforço de repatriação em tempos de paz do país a fim de conseguir trazer os cidadãos britânicos de volta nas próximas duas semanas – cerca de 150 mil pessoas.
Não é de hoje que a Thomas Cook passava por dificuldades, mas a situação se agravou nos últimos anos quando a empresa vendia cerca de 3 milhões de pacotes turísticos apenas para pagar os juros da sua dívida, de mais de US$ 2,5 bilhões. A empresa tentava renegociar seus débitos com credores chineses, mas sem sucesso. Com a falência, mais de 20 mil funcionários perderão o emprego.
Fim de linha
A falência da Thomas Cook é mais um dos casos emblemáticos de companhias do setor que cessaram sua operação em 2019, entre elas a indiana Jet Airways, a francesa Aigle Azur (e que ainda podem ser salvas) e a Avianca Brasil, oficialmente OceanAir.
Há uma grande preocupação sobre a saúde financeira de algumas empresas do setor, sobretudo as low-cost (baixo custo) cujas margens de lucro apertadas acabam por deixá-las em situação delicada com frequência diante do aumento da concorrência e das oscilações dos custos com combustível e aluguel de aeronaves, por exemplo. Mas companhias como a Thomas Cook, que oferecem um pacote fechado também têm chamado a atenção – ao abraçar várias atividades em um só negócio, elas acabam perdendo eficiência.
No caso específico da empresa britânica, pesou também a concorrência de ferramentas online e até mesmo da iminência do Brexit, que fez com que muitos clientes postergassem seus planos de férias até que a saída do Reino Unido da União Européia ficasse mais clara. Algo que até agora ninguém sabe dizer o que ocorrerá.
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