Mais uma promessa de voos supersônicos de passageiros paira no ar. Dessa vez, a startup Boom Supersonic parece ter ganho momento com pedidos de empresas aéreas como American, United e Japan Airlines. Mas quanto o projeto da Boom é similar ao icônico Concorde? Qual é o mais rápido? Qual tem maior alcance?
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Projetos de aviões supersônicos capazes de serem viáveis economicamente e ao mesmo tempo silenciosos tem sido o “graal” da indústria aerospacial desde a derrocada do Concorde, que nunca foi um grande sucesso comercial até o fim da operação no começo dos anos 2000.
Desde então, diversos fabricantes criaram projetos deste tipo, desde startups como a Boom até organizações de renome como a experiente Lockheed Martin e a aventureira Virgin Galactic.
Fundada em 2014 nos Estados Unidos, a Boom Supersonic desenvolve o projeto civil Overture com o apoio de empresas como Collins, Eaton, Safran, Rolls-Royce, USAF, American Express, e AWS.
O foco da Boom é aprimorar a ideia do Concorde para tornar a aeronave supersônica comercialmente viável. Até o momento, a startup tem conseguido vender bem a ideia e recebeu 130 pedidos, sendo 35 pedidos firmes.
O cronograma da Boom é otimista, com a primeira aeronave estimada para 2025 e o primeiro voo no ano seguinte, mas os voos de passageiros não devem começar antes de 2029. Até lá é apenas uma promessa.
[table id=4 /]Colocando o projeto Overture ao lado do Concorde, há mais similaridades do que diferenças. Ambos têm pouco mais de 60 metros de comprimento e 11 metros de altura. A diferença fica na envergadura maior do Overture, com 32,3 m, contra 25,3 m do Concorde.
Embora tenham praticamente o mesmo tamanho de fuselagem, o Overture terá capacidade bem menor que o Concorde. O projeto da Boom é desenvolvido para levar de 65 a 80 passageiros, enquanto o supersônico criado pela BAC (BAe) e Sud Aviation (Aerospatiale) podia levar de 92 a 128 passageiros.
Neste quesito da capacidade, entram na conta do novo projeto uma preocupação maior com consumo de combustível e também maior conforto na cabine, que terá apenas duas fileiras com uma única poltrona em cada lado da cabine.
[table id=5 /]Assim como o Concorde, o Boom Overture deverá voar a uma altitude de cerca de 60 mil pés ou 18,3 mil metros, bem acima dos jatos subsônicos e de onde é possível observar a curvatura da Terra.
Apesar de rumores iniciais de que o Overture teria velocidade de cruzeiro de Mach 2.2, ou 2.695 km/h, a especificação atual é de Mach 1.7 (2.082 km/h). O Concorde era mais rápido, voando a 2.160 km/h em cruzeiro e chegando até duas vezes a velocidade do som (2.470 km/h) na máxima.
Embora seja mais lenta, a Overture deve ter alcance maior, de 7.871 km, utilizando combustível sustentável, enquanto o Concorde percorria até 6.667 km. A Rolls-Royce é a responsável pelos propulsores dos dois projetos.
No lugar do alumínio do Concorde, o Overture deve utilizar compostos de carbono na fuselagem, que são atualmente mais fáceis de produzir e mais resistentes ao calor gerado pelo atrito supersônico.
De acordo com a Boom, o avião com essas características poderá servir em mais de 600 rotas ao redor do mundo, cumprindo os trechos em menos da metade do tempo que os jatos subsônicos atuais.
No entanto, a Boom já confirmou que o voo supersônico ocorrerá apenas sobre os oceanos. Quando estiver sobrevoando o continente, o Overture manterá Mach 0.94, repetindo a situação do Concorde, que não podia voar supersônico sobre os EUA.
É uma forma de contornar as restrições de poluição sonora associadas ao voo supersônico, mas que não resolvem o dilema desses jatos já que o cenário ideal é voar rápido em qualquer região.
Pedidos
Se levarmos em consideração a carteira de pedidos, incluindo opções, a Boom já superou o Concorde com 130 aeronaves no total. Embora apenas British Airways e Air France tenham recebido sete unidades do Concorde cada uma, mais de dez empresas aéreas tinham mostrado interesse no supersônico, chegando a cerca de 100 intenções de compra.
Apenas os pedidos firmes da United e American Airlines, que segundo a Boom não são reembolsáveis, já somam 35 unidades, o que é mais do que o número total de Concordes fabricados em 27 anos de operação (20 unidades).
American e United também tinham mostrado interesse no Concorde, mas depois cancelaram os pedidos. Depois de tantas promessas, fãs da aviação estão na expectativa para ver mais um supersônico de passageiros operando.
muito facinante a busca por quebrar recordes e sempre acima de onde estamos. crecemos na ambição