Um ano após relançar o programa MRJ como SpaceJet, a Mitsubishi Aircraft anunciou que fará cortes no orçamento, atrasando novamente a estreia comercial da aeronave. Além disso, a empresa admitiu que revisará o desenvolvimento do modelo M100, com capacidade para 70 passageiros e que é o principal rival do Embraer E175-E2.
A revisão do programa foi motivada pelas imensas perdas financeiras registradas pela Mitsubishi no último ano fiscal, que foi concluído em março. De um prejuízo de US$ 790 milhões em 2018 (cerca de R$ 4,6 bilhões), a divisão de aviação regional atingiu US$ 2,45 bilhões (R$ 14 bilhões) no ano terminado em março, um crescimento de mais de três vezes.
Questionada pelo site Flight Global, a Mitsubishi Heavy Industries, que controla a empresa, reconheceu que será preciso analisar o cenário da aviação global após a pandemia a fim de determinar o processo de viabilidade do SpaceJet M100.
Os cortes no programa como um todo farão com que o orçamento no próximo ano fiscal caia para US$ 558 milhões. Com isso, a entrada em serviço do SpaceJet M90, a primeira versão do jato regional, atrasará novamente. Antes prevista para 2020, a entrega da primeira aeronave para a All Nippon Airways deve ocorrer em abril de 2021 ou mesmo depois, diz o relatório da Mitsubishi.
Os resultados da Mitsubishi também acabaram refletindo os custos de aquisição dos direitos comerciais do programa CRJ, da Bombardier. Anunciado em 2019, o acordo será formalizado em junho, informaram as duas empresas na semana passada.
Numerosos atrasos
O programa SpaceJet foi lançado originalmente em 2003 como o Mitsubishi Regional Jet (MRJ) com apoio do governo japonês que pretendia criar uma aeronave de passageiros nativa, algo que o país não possuía desde os anos 60 com o turboélice NAMC YS-11, mas que teve pequena procura.
Desde então, a primeira versão, MRJ90 (atual M90), com capacidade para 90 lugares, tem passado por inúmeros atrasos em seu desenvolvimento que culminaram com a revisão do projeto em 2019.
Além de mudar o nome da aeronave para SpaceJet, a Mitsubishi abandonou os planos para o MRJ70, um jato menor, para se concentrar no M100, que atenderia as cláusulas de escopo das companhias aéreas dos EUA, principal mercado do modelo. Antes do anúncio desta semana, a Mitsubishi estimava colocar em serviço o M100 em 2023.
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