Com o desenvolvimento do programa SpaceJet paralisado por tempo indeterminado, a Mitsubishi Aircraft planeja uma redução drástica em seu quadro de funcionários. De acordo com a emissora japonesa NHK, a fabricante deve demitir 95% de sua força de trabalho, mantendo apenas cerca de 150 colaboradores. Os cortes devem começar em abril do próximo ano.
No final de outubro, o grupo Mitsubishi Heavy Industries (MHI) anunciou a suspensão no desenvolvimento dos jatos regionais SpaceJet M90 e M100 e o fechamento das instalações nos EUA, onde os protótipos eram testados.
O SpaceJet é atualmente o projeto de avião comercial mais atrasado do mundo. O programa, então chamado MRJ (Mitsubishi Regional Jets), foi lançado pela Mitsubishi em 2007 e as primeiras entregas eram programadas para 2013. No entanto, o primeiro voo do M90 (ainda chamado MRJ90) aconteceu somente em novembro de 2015.
Passados sete anos do prazo original de estreia, a Mitsubishi adiou o lançamento da aeronave seis vezes e até mudou o nome do avião. Antes da pandemia, a fabricante divulgou que planejava iniciar as entregas do M90 entre o final de 2021 e início de 2022, mas diante do contexto econômico atual dificilmente esses prazos devem ser alcançados.
“É objetivo de longo prazo da MHI expandir o negócio de aeronaves comerciais. No entanto, dado o atual status de desenvolvimento e as condições de mercado, não temos escolha a não ser pausar temporariamente a maioria das atividades da SpaceJet, exceto para a documentação de certificação de tipo”, informou o grupo japonês, que não se arrisca mais em divulgar novos prazos.
Nesse meio tempo, o grupo MHI ainda desembolsou US$ 550 milhões para adquirir o programa CRJ da Bombardier, hoje rebatizado como MHI RJ. A negociação foi concluída em junho.
Os modelos da família SpaceJet competem na mesma categoria dos jatos regionais da Embraer. No entanto, para a disputa acontecer de fato, o avião japonês precisa ficar pronto e chegar ao mercado, algo cada vez mais incerto.
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Impressionante esse caso do Japão. Isso demonstra que a Embraer é, de fato, uma empresa competitiva e organizada. Evidente que o desenvolvimento de novas aeronaves necessita de incentivos governamentais (cada vez, mais restritos), porém se a empresa for competente no uso desses incentivos, gerará ingresso de divisas e produção de novas tecnologias. Parabéns, Embraer.