O Airbus A380 é um avião único e cujo futuro tem sido nebuloso, mas seus números ainda impressionam. Maior jato de passageiros do mundo, a aeronave de dois andares estava sendo operada por 16 companhias aéreas no último trimestre e que ofereceram quase 16 milhões de assentos nesse período. Os dados são do site Routes Online.
Como não poderia ser diferente, a Emirates Airline é disparada a maior usuário do jato. Nada menos que 54% desses assentos foram oferecidos por ela, ou seja, mais do que a soma das outras 15 companhias aéreas.
A empresa de Dubai também tem a maior rede destinos do A380 com 54 cidades atendidas, algumas delas em mais de um aeroporto, como é o caso de Londres. Sem ela, 37% das cidades que hoje recebem o avião da Airbus deixariam de vê-lo em seus terminais de passageiros, incluindo Dubai, onde está seu hub. O aeroporto da cidade dos Emirados Árabes Unidos é o que mais opera o A380 em números absolutos, mas apenas a Emirates pousa lá. Ou seja, nenhuma outra companhia aérea ousa competir com ela nessa rota.
Se não recebe tantos jatos quanto Dubai, Paris tem o mérito de ter sido a cidade que mais recebeu A380 de companhias aéreas diferentes. Foram nove empresas no trimestre passado: Emirates, Etihad, Korean Air, Qatar, Singapore, Thai, Air France e duas empresas de forma temporária, a Norwegian e a Air Madagascar, que alugaram o quadrimotor provisoriamente.
Outras três cidades recebem o Airbus de oito companhias diferentes, Hong Kong, Los Angeles e Nova York. Curiosamente, elas não possuem companhias aéreas locais que utilizam o A380. Como se sabe, os EUA não compraram um único avião desse modelo até hoje assim como as empresas de Hong Kong, Cathay Pacific e EVA Air que optaram por aeronaves menores.
Se não vence pela variedade, Londres compensa pela quantidade. A capital britânica, que recebe voos de sete empresas diferentes com o A380, é a segunda em oferta de assentos, com mais de 1 milhão de lugares no terceiro trimestre, só perdendo, é claro, para Dubai.
Presença rara
Ser um destino viável para o A380 não envolve apenas uma demanda alta. É preciso conjugar alguns fatores como a distância para hubs onde existem companhias aéreas que operam o Airbus. Nem perto demais, nem longe que seu bom alcance não seja suficiente. Claro que há exceções, sobretudo por conta da Emirates, que lançou voos de curto alcance com o jato.
Por essa razão não basta ser grande se o raio de alcance não é suficiente. Atlanta, o maior aeroporto do mundo em movimento, por exemplo, recebe apenas um insólito voo da Air France, enquanto Chicago O´Hare, outro gigante, só vê o jato da Airbus nas cores da British Airways. Já as cidades da Austrália e do Sudeste Asiático são destinos bastante comuns da aeronave.
Na América do Sul, por enquanto, apenas São Paulo tornou-se viável para a Emirates que opera o A380 diariamente, além de outro voo complementar. Um Airbus alugado recentemente estreou voos para Caracas e Buenos Aires, mas de forma excepcional e não entrou na conta do Routes Online.
Ainda assim, é impressionante pensar que cerca de 70 cidades no mundo veem a imensa silhueta do maior avião de passageiros do mundo de forma regular. Esse cenário, no entanto, deve perder força nos próximos anos, à medida que o A380 deixar de ser operado pelos principais clientes atuais. Certamente o jato da Airbus estará voando na próxima década, mas com estatísticas mais modestas, com certeza.
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Ricardo, uma correção: a EVA Air não é de Hong Kong. É de Taiwan. Além da Cathay Pacific, também são de Hong Kong a subsidiária Cathay Dragon, a Hong Kong Airlines, a HK Express e a apenas cargueira Air Hong Kong. A EVA Air de fato é uma das empresas que mais têm voos no aeroporto de Hong Kong, mas isso ocorre porque a ponte aérea Taipé-Hong Kong é uma das rotas mais movimentadas do mundo, operada justamente pela Cathay Pacific, EVA Air, Hong Kong Airlines e China Airlines (que apesar do nome, também não é da China propriamente dita e sim de Taiwan). Sai um A330 ou um 777 lotado nessa rota a cada 20 minutos, em média, desde de manhã cedo até tarde da noite!
E outra coisa: não sei o que há de “insólito” em a Air France fazer um voo de A380 para Atlanta, se este é o principal hub da Delta Air Lines, maior parceira do grupo Air France-KLM na aliança Skyteam. Pelo contrário, é mais que natural e até lógico: Atlanta concentra passageiros da Delta de todos os EUA para voarem na Air France para Paris, de onde são distribuídos novamente por outras conexões na Europa, Ásia e África. O volume dessas conexões é imenso e justifica perfeitamente um A380. A KLM também voa para Atlanta pelo mesmo motivo, só que não é no A380 (que ela não tem) e sim no Boeing 777-300ER. E é o mesmo motivo pela qual a Qantas voa no A380 de Sydney para Dallas/Fort Worth, maior hub da American Airlines, parceira da Qantas no Oneworld.