Prestes a completar 52 anos do primeiro voo e com mais de 51 de serviço em dezenas de companhias aéreas, o Boeing 737 já passou por poucas e boas, mas nunca por um aterramento ou ground, no termo em inglês.
Com o 737 MAX tendo duas quedas com vítimas fatais em poucos meses, atribuída em princípio ao sistema automático de controle em voo, que direciona a aeronave para baixo em certos ângulos e velocidades logo após a decolagem, a Boeing cedeu à pressão de autoridades aéreas e companhias.
Assim, todas as aeronaves deste modelo, estão agora em solo ou “aterradas” por tempo indeterminado. Entretanto, essa não é a primeira vez que a Boeing passa por essa situação, de ter que impedir o uso de um modelo de avião comercial.
Aliás, não só a gigante norte-americana passou por isso. Antes do 737 MAX, aeronaves até famosas também tiveram que ficar em solo por determinado tempo, de modo a que se pudesse resolver problemas técnicos que estavam colocando em risco a segurança em voo.
Lockheed L-188 Electra II
Lembra-se dele? Famoso na ponte-aérea Rio-São Paulo, o Lockheed L-188 Electra II teve um bom início de carreira no começo dos anos 1960. Entretanto, assim como o 737 MAX, dois acidentes fatais colocaram em xeque a confiança no quadrimotor americano.
Tendo voado a primeira vez em 6 de dezembro de 1957 e entrado em serviço no dia 12 de janeiro de 1959, o Lockheed Electra teve 167 pedidos até janeiro de 1961. O avião que originou o patrulheiro marítimo P3-Orion teve 170 unidades fabricadas apenas.
O motivo para não ter vendido mais é que dois de três acidentes, ocorridos entre fevereiro de 1959 (sim, um mês após entrada em serviço) e março de 1960, fizeram com que a FAA (Agência de Aviação Federal dos EUA), proibisse os voos do Electra até a resolução do problema.
Qual era ele? Nos voos iniciais, os passageiros (tinha de 66 a 98 assentos) reclamavam de muito ruído dos motores na parte da frente da aeronave. Isso fez com que a Lockheed aumentasse o ângulo dos propulsores em 3 graus para amenizar o efeito que gerava o barulho.
No entanto, esse efeito em realidade foi ampliado e acabou gerando uma ressonância similar à da asa, o que simplesmente a desmantelava e rasgava junto à fuselagem durante o voo, sendo essa a origem de dois dos três acidentes do período.
Após extensa modificação, que custou muito dinheiro, o Electra pôde finalmente voar com segurança, porém, com prejuízo de imagem. Curioso é que o avião nunca registrou acidentes na ponte aérea Rio-SP e foi um dos aviões mais confiáveis que voaram no Brasil, operando de forma exemplar entre 1975 e 1992.
De Havilland DH 106 Comet
O quadrirreator inglês foi o primeiro jato comercial a voar no mundo. De fuselagem estreita e dotado de 4 motores Rolls-Royce Avon nas raízes das asas, o De Havilland Comet era pressurizado e tinha janelas grandes e quadradas.
Tendo entrado em serviço no ano de 1952, com primeiro voo em 1949, o Comet não teve a mesma fama do Boeing 707 que o seguiu. O motivo é que após um ano de serviço, o jato britânico começou a ter acidentes fatais.
Dois deles apontaram para uma grave falha estrutural por fadiga de material, visto que a era do jato estava começando, ainda não se conhecia todos os aspectos físicos e dinâmicos do alumínio. Outro acidente foi relacionado com estresse em partes da fuselagem.
Por isso, a De Havilland viu todas as aeronaves em uso, aterradas por determinação das autoridades aeronáuticas até a resolução do problema. No processo, descobriu-se que até as janelas quadradas contribuíam para sua destruição em voo.
Assim, a fuselagem foi reforçada, as janelas passaram a ser ovais e várias partes do Comet foram redesenhadas. Foram necessárias evoluções nas variantes 2 e 3 para que somente no modelo 4, o jato pudesse ter uma carreira comercial confiável e rentável, que durou 30 anos, embora com 26 acidentes, sendo 13 fatais.
Aérospatiale-BAC Concorde
Diferentemente dos aviões já citados e de todos a seguir, o Aérospatiale-BAC Concorde não teve problemas técnicos em seu início de carreira. Embora tivesse perdido mais de uma centena de pedidos antes mesmo de entrar em serviço, o supersônico mais famoso da aviação encarou o aterramento no fim de sua vida.
Tendo enfrentado a Crise do Petróleo nos anos 1970, que minou sua carreira comercial, o Concorde foi aterrado por conta de seu único acidente fatal, em 25 de julho de 2000, quando um exemplar da Air France decolou de Paris rumo à cidade de Nova Iorque.
Um pedaço de metal deixado por um Douglas DC-10 da Continental, teria supostamente estourado um dos pneus, cujos fragmentos atingiram o tanque da asa esquerda, gerando um incêndio no motor 2.
Os gases dessa combustão entraram no motor 2, fazendo com que os dois Rolls-Royce Olympus apagassem na crítica decolagem do Concorde, que acabou caindo em Gonesse, matando toda tripulação, uma centena de passageiros e quatro pessoas em terra.
A investigação foi instaurada imediatamente e todas as 13 unidades restantes, ficaram presas em solo. Descobriu-se bem mais tarde que um espaçador de roda não havia sido instalado no trem de pouso, provocando o acidente.
Além disso, o jato teria desviado demais na pista antes de sair do solo, o que teria reduzido sua velocidade de ascensão para baixo do mínimo. Havia ainda alta taxa de estouro de pneus na frota.
Após modificações, os voos foram retomados em junho de 2001. O Concorde foi aposentado oficialmente em 2003. Continental e o mecânico da empresa foram condenados e depois foram inocentados.
Airbus A320
Introduzido em 1988, o Airbus A320 é muito popular hoje em dia. Antes de iniciar o serviço, um acidente estranho vitimou três dos 136 passageiros e tripulantes em um show aéreo. O piloto culpou o sistema fly-by-wire, mas a fabricante disse que o avião estava normal.
Poderia ter sido o início de um aterramento precoce, mas o A320 voou tão bem – foi o primeiro avião comercial com comandos digitais – que sua carreira parece longe de um “ground”.
Após mais de 8,6 mil entregas e 35 acidentes fatais, o popular jato da Airbus enfrentou problemas recentemente. Em março de 2018, a administração civil de aviação da Índia suspendeu os voos de 14 unidades do A320neo das companhias GoAir (3) e IndiGo (11).
O problema estava nos motores Pratt & Whitney PW 1100 série 450, que apresentaram defeito durante o voo. As falhas de funcionamento coloram alguns voos em risco, mas, felizmente nenhum acidente ocorreu.
Em rápida ação, a autoridade aérea indiana cancelou as operações dos 14 A320neo até a substituição dos motores canadenses, que ocorreu em curto período. Após centenas de voos cancelados, as duas companhias retomaram os voos normalmente no começo de abril.
Ainda assim, a IndiGo sofreu uma falha num dos motores de A320neo em outubro. Com queda de pressão do óleo, o avião pousou em segurança, mas um novo aterramento foi descartado após verificar-se que se tratava de um caso isolado.
Ainda assim, a Airbus teve problemas com os motores PW no ano passado, o que gerou reversão de pedidos e queda de ações.
Boeing 787
O Boeing 787 surpreende muita gente por sua tecnologia embarcada e capacidade de manobra, fazendo voos de demonstração com ângulos de ataque e fuga incríveis para um avião tão grande.
Construído quase inteiramente em fibra de carbono e com comandos totalmente digitais, o Boeing 787 enfrentou uma série de problemas decorrentes exatamente de sua inovação. Com serviço iniciado em setembro de 2011, o jato parecia muito seguro e sem problemas até 2013.
Nesse ano, o 787 teve dois problemas graves. Um deles era o vazamento de combustível, que ocorreu em algumas aeronaves da companhia japonesa ANA. O mesmo também aconteceu com modelos da Ethiopian Airlines. Entretanto, o que de fato suspendeu todos os exemplares em serviço foi a bateria.
Com dois incêndios verificados a bordo do Boeing 787 (um em voo no Japão e outro em solo, nos EUA), descobriu-se que o problema estava em um fio do sistema de localização de emergência, que entrava em curto e destruía a bateria de óxido de cobalto-lítio.
As duas ocorrências levaram ao aterramento voluntário das frotas da ANA e JAL, ambas com 24 dos 50 exemplares do 787 em serviço naquele ano. Em seguida, a FAA recomendou o aterramento de forma geral.
Após um novo projeto de bateria, o Boeing 787 voltou a voar no final de abril de 2013. No entanto, em janeiro de 2014, um exemplar da JAL teve um curto-circuito numa das baterias, que teria alcançado incríveis 1.200 °C! O jato mais moderno da atualidade segue seu curso sem incidentes.
Irkut Superjet 100
O ex-Sukhoi SSJ100, conhecido agora como Irkut Superjet 100, é um jato regional russo do grupo United Aircraft Corporation, que tem capacidade para até 98 passageiros e surge como um concorrente direto dos nossos Embraer E-190/195.
Embora tenha começado a voar em 2007, o SSJ100 só foi certificado pela autoridade de aviação da Rússia em 2010 e começou sua carreira comercial em 2011. Em 2013, ele começou a operar no México pela Interjet e apenas em 2016, chegou ao mercado da Europa Ocidental.
No fim desse mesmo ano, a administração aérea da Rússia aterrou seis aeronaves do modelo SSJ100 no mês de dezembro. Todas eram da frota das companhias IrAero (1) e Aeroflot (5) e apresentaram fadiga de metal.
Todas as peças foram substituídas em janeiro de 2017, mas, em julho, trincas no estabilizador horizontal apontaram para falhas no processo de produção e inspeção de qualidade. A Sukhoi reconheceu o problema e um novo aterramento foi emitido pela Rússia e Itália.
Isso minou as exportações do SSJ100, que ainda enfrentou problemas de fornecimento de peças para os motores Sam146 (Snecma e NPO-Saturn), o que teria feito a Interjet mexicana parar quatro jatos de sua frota de 22. Houve rumores de canibalização de componentes.
Várias companhias aéreas que operam o SSJ100 consideram substitui-los por jatos maiores ou mais confiáveis, como o A320neo. Agora a Irkut estuda substituir o Sam146 por uma versão menor do PD-14 da Aviadvigatel. O problema real do avião russo é confiabilidade e pós-venda.
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Olá. Segundo um programa sobre acidentes aéreos que passa no canal NatGeo, a causa do acidente do Concorde foi um pedaço de carenagem de um DC-10 que se soltou durante a decolagem e ficou na pista. O Concorde teve um ou mais pneus estourados e um pedaço de pneu atingiu um dos tanques de combustível das asas. O tanque, que estava cheio, após a deformação causada pelo pedaço de pneu, rompeu em outro ponto e incendiou. Não foi mencionado nenhum problema na manutenção do Concorde, além da fragilidade dos pneus, que sofreram modificações dali em diante.
Os motores PW1000 são produzidos pela Pratt & Whitney dos Estados Unidos. Apesar de terem recebido a primeira certificação de autoridades canadenses, pois o primeiro uso foi no CSeries, o motor foi desenvolvido pela Pratt & Whitney americana.
Esqueceram da paralisação mais emblemática, dos DC-10 no final da década de 70.
O DC-10 tinha um problema crônico em uma porta do compartimento de bagagens, que se abria por conta própria.
Experimentaram várias soluções. Houve um tempo em que o encarregado de fechar a tal porta tinha até um curso especial. O cara trocou o plantão com outro, que não fechou a porta direito, e houve aquele terrível acidente em Paris.
Houve um acidente com um Electra no aeroporto de Santos Dumont quando o piloto não conseguiu frear o avião e no final da pista a aeronave embicou no mar não gerando vítimas.