A epidemia mundial do coronavírus já afeta seriamente o tráfego aéreo de passageiros no mundo e acaba de fazer sua primeira vítima, a companhia aérea britânica FlyBe, que encerrou seus voos nesta quinta-feira, 05. O colapso da regional do Reino Unido, que operava uma rede de voos entre aeroportos menores do país e cidades da Europa, mostra que a queda na demanda causada pelo COVID-19, como é chamada a doença pelos profissionais de saúde, mal começou.
Embora a FlyBe já estivesse com as finanças arruinadas e recebido socorro em janeiro, o efeito dos cancelamentos de voos e as restrições de deslocamento de milhares de passageiros pode ser o início de uma série de quebras na aviação comercial, setor conhecido pela fragilidade financeira de muitas empresas.
De fato, a IATA, a associação mundial das companhias aéreas, afirmou nesta quarta-feira, 4, que o impacto do coronavírus mal começou: “Janeiro foi apenas a ponta do iceberg em termos dos impactos no tráfego que estamos vendo devido ao surto de COVID-19, dado que as principais restrições de viagens na China não começaram até 23 de janeiro. No entanto, ainda era o suficiente para causar o crescimento de tráfego mais lento em quase uma década”, afirmou Alexandre de Juniac, CEO da IATA.
As estatísticas de janeiro divulgadas pela IATA revelam que a demanda global de tráfego de passageiros cresceu 2,4% comparado ao mesmo período de 2019. Embora positiva, a leitura da associação é de que o esperado seria uma taxa mais alta, acima de 4,5%, o que tem ocorrido desde 2010, ano em que a nuvem de cinzas de um vulcão na Islândia causou vários cancelamentos de voos.
Dólar alto também pesou
As regiões da África, Oriente Médio e América do Norte acabaram não afetadas pelo efeito da epidemia, com crescimento acima de 5% enquanto a Europa, a Ásia e a América Latina tiveram um aumento inexpressivo.
Por falar no mercado latino-americano, que não teve influência do coronavírus em janeiro, há um fator extra para a queda sobretudo no tráfego internacional, o aumento da cotação do dólar, que desestimulou viagens ao exterior. O Brasil, maior mercado da região, teve crescimento no tráfego doméstico de 2,1%, já os voos internacionais na América Latina caíram 3,7%. Até agora, no entanto, apenas a Latam anunciou a suspensão do voo entre São Paulo e Milão, onde há o maior surto da doença na Europa. A Virgin Atlantic, que deveria estrear um voo entre Londres a capital paulista, postergou o início do voo de março para outubro, porém, a leitura nos bastidores é que o voo da companhia também não havia atraído muitos passageiros.
A China, epicentro da epidemia, viu seu tráfego doméstico cair 6,8%, número que certamente será muito maior em fevereiro, quando houve incontáveis cancelamentos por conta das restrições impostas pelo governo do país para deslocamentos internos.
Medidas de contingência
Com o vírus cada vez mais espalhado pelo mundo e o temor crescente na população, as companhias aéreas estão sendo obrigadas a tomar medidas extremas para evitar prejuízos maiores. Na Europa, onde o surto tem se expandido rapidamente, há centenas de cancelamentos diários e aviões decolando vazios.
O grupo Lufthansa confirmou nesta semana que cortou sua capacidade operacional em um quinto, o que equivale a retirar de serviço 150 dos cerca de 750 aviões de todas as companhias aéreas do grupo somadas. Outras empresas aéreas estão estimulando que passageiros com reservas em março alterem a data do voo sem cobrança de taxas.
Após um ano com inúmeras quebras de companhias aéreas, 2020 começa com enorme ameaça à saúde de várias empresas endividadas ou com operações de baixa margem de lucro, sobretudo as chamadas low cost. Não será absurdo ver uma “epidemia” de falências nos próximos meses se a crise se agravar.
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Não tem NADA a ver a falência da Flybe com o Corona vírus! Pelo amor de Deus!!!!!! Ela já vinha muito mal das pernas faz tempo! Aiaiaiaiaiai….