O avanço da epidemia do novo coronavírus Covid-19 pelo mundo atingiu a indústria aeronáutica em cheio, sobretudo o segmento dos aviões de grande porte. Vendo companhias aéreas adiando o recebimento de aeronaves e sem receber mais pedidos, a Airbus reduziu o ritmo de produção do A330neo em janeiro, passando de quatro para três aeronaves por mês.
Fontes próximas à fabricante europeia citadas pela agência Reuters disseram que a fabricante europeia não descarta manter esse mesmo volume de produção em 2021, em vista a falta de mais encomendas pelo A330neo.
As ações da Airbus caíram 4% nesta quarta-feira (4) após a Bloomberg News noticiar que a Airbus estava considerando cortes de produção, dias depois que a AirAsiaX, maior cliente do A330neo, anunciar que havia decidido adiar por tempo indeterminado o recebimento das aeronaves. A empresa aérea da Malásia encomendou 78 jatos A330-900neo.
Com essa redução na produção, a Airbus disse no mês passado que esperava entregar 40 jatos A330 em 2020, antes 53 da previsão elaborada em 2019.
Introduzido no mercado em dezembro de 2018, o A330neo é um avião de longo alcance com desempenho e capacidades interessantes, mas tem poucos interessados. Até o final de fevereiro, a Airbus recebeu 323 pedidos firmes pelo A330-900 e 14 pelo A330-800. É pouco comparado a carteira de pedidos por outros widebodies avançados, como o Boeing 787 (com mais de 1.400 pedidos) e o A350 (mais de 900 pedidos).
Em um cenário onde a recuperação do mercado mundial pode ser lenta devido ao surto do Covid-19, em especial na China, e com a redução na demanda por widebodies, analistas preveem até mesmo a possibilidade da Airbus encerrar o programa A330neo. Outro jato do grupo europeu em situação delicado é o A350-100, maior versão do A350 e que soma apenas 176 pedidos firmes (contra 379 do A350-900).
Segundo especialistas, embora ainda improvável, um desfecho como esse consolidaria a Boeing como a líder no segmento de aeronaves widebodies com o 787, enquanto a Airbus, impulsionado pelo sucesso do A321XLR e o aterramento do 737 MAX, ficaria a frente na categoria dos jatos comerciais de corpo estreito. Tudo vai depender dos rumos que o mercado de aviação comercial deve tomar nos próximos meses e de quantas baixas o coronavírus pode causar na aviação.
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