Um dos destinos turísticos mais conhecidos do mundo, a Itália não parece ser um mercado saudável para companhias aéreas. Mesmo com tamanho potencial, as empresas do país sofrem para se manter ativas, como se nota pela longa crise da Alitalia, sua companhia aérea de bandeira, e que não conseguiu empresas interessadas em assumi-la até agora.
E justamente uma nova iniciativa que visava aproveitar a precária situação da Alitalia acaba de sucumbir. A Air Italy, companhia aérea lançada em 2018 pelos grupos Alisarda e Qatar Airways, anunciou nesta quinta-feira, 11, o fim de suas operações.
Os clientes que haviam comprado passagens até 25 de fevereiro serão embarcados em voos operados por outras empresas, já após essa data haverá reembolso dos valores pagos, afirmou a Air Italy.
Com apenas 11 aviões (quatro A330 e oito 737) e poucas rotas, a Air Italy foi um vexame enquanto operou, um panorama bem diferente das promessas de seus executivos dois anos atrás, quando companhia aérea foi anunciada como sucessora da Meridiana, empresa voltada a voos charters.
Na época, a intenção era ocupar o espaço deixado pela Alitalia. “A Air Italy pretende ser um líder na indústria global, graças ao seu hub no aeroporto de Malpensa, em Milão, reforçado pela nossa base em Fiumicino (Roma) e também graças à nossa base original na Costa Esmeralda, que também é sede da companhia aérea “, afirmou Marco Rigotti em fevereiro de 2018.
Na prática, no entanto, a Air Italy colecionou problemas, a começar pela escolha da frota. Quando estreou, a empresa possuía jatos 737NG e 767, mas anunciou com pompa que receberia o 787 Dreamliner e o 737 Max, estes cedidos pela Qatar.
Enquanto esperava pelos Dreamliner e que nunca chegaram, a companhia passou a realizar voos de longo alcance com os Airbus A330-200. Já o 737 Max foi entregue, um dos primeiros na Europa, mas para azar da Air Italy a aeronave foi aterrada no ano passado.
A atuação da empresa também foi atrapalhada, com abertura e fechamento de novas rotas sem aviso prévio. De quebra, a Air Italy ainda foi acusada pelas companhias aéreas dos EUA de ser uma operação disfarçada da Qatar no país – ela voava para Nova York e Miami a partir de Milão.
Nem no momento de fechar a Air Italy, seus sócios mostraram alguma sinergia. A Qatar Airways, que fez questão de repetir ser minoritária na sociedade, reiterou que apoiou como pode para que a companhia aérea italiana sobrevivesse, mas “isso só seria possível com o compromisso de todos os acionistas”.
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