Ameaçado de entrar para a história por ter voado apenas uma vez, o gigantesco avião de duas fuselagens e seis motores turbofan criado pela empresa Stratolaunch recebeu uma boa notícia na semana passada. A companhia criada por Paul Allen, um dos fundadores da Microsoft, tem um novo proprietário.
A informação foi revelada pela Stratolaunch sem que mais detalhes fossem fornecidos. Com isso, permanece o mistério sobre quem assumiu a empresa, criada em meio às iniciativas privadas de exploração do espaço nos Estados Unidos. Ainda assim é gratificante constatar que todo o trabalhado iniciado por Allen, que faleceu em outubro do ano passado, não foi em vão.
“A Stratolaunch LLC mudou de proprietário e continua suas operações regulares. Nossa estratégia de desenvolvimento de veículos de lançamento de curto prazo se concentra no fornecimento de veículos de teste personalizáveis, reutilizáveis e acessíveis, equipados com foguetes e serviços de voo associados. À medida que continuamos em nossa missão, a Stratolaunch trará o programa de operações e testes de aeronaves da transportadora para dentro da empresa. Agradecemos à Vulcan Inc e à Scaled Composites por transformar uma idéia ambiciosa em uma aeronave comprovada em voo”, disse a empresa no comunicado divulgado no dia 10 de outubro.
O projeto do Stratolaunch foi anunciado em dezembro de 2011 e tinha como objetivo desenvolver um lançador aéreo capaz de transportar grandes artefatos espaciais. O conceito já é usado há algum tempo com aviões adaptados como o trijato L-1011 TriStar, mas a empresa buscou criar uma aeronave única, projetada pela Scaled Composites com duas fuselagens gêmeas e seis motores PW4000 semelhantes aos usados pelo Boeing 747-400.
Entre as duas fuselagens há o espaço para ancoragem de foguetes e até espaçonaves tripuladas. Por essa razão, o Stratolaunch entrou para a história como a aeronave com a maior envergadura do mundo. São 117 metros, 20 a mais que o Hughes H-4 Hercules, hidroavião criado pelo excêntrico Howard Hughes que, como o avião de Allen, só voou apenas uma vez.
O voo inaugural, ocorrido em abril deste ano, durou cerca de 2,5 horas com um envelope de voo modesto: velocidade máxima de 278 km/h e altitude de 4.570 metros, algo esperado já que se tratava de um teste de sistemas. Infelizmente, a empresa já passava por dificuldades financeiras desde a morte de Allen. Em janeiro, o programa de desenvolvimento de seus veículos espaciais foi suspenso e a Stratolaunch afirmou que se concentraria em preparar seu avião para lançar o foguete Pegasus e assim passar a gerar alguma receita.
Após realizar o voo histórico, a Stratolaunch desapareceu da mídia. Em junho, a agência Reuters revelou que a empresa havia dispensado boa parte dos funcionários e poderia ser fechada a qualquer momento caso não surgisse um interessado pelo seu projeto.
Para a imprensa americana, a empresa afirmou que não pode dar detalhes do negócio neste momento nem revelar quem é o novo proprietário. Certo é que a partir de agora o programa de testes será realizado pela própria equipe em vez de ficar a cargo da Scaled Composites. Por enquanto não se sabe se os novos donos têm outros planos para a Stratolaunch, mas é um alívio saber que o imenso avião de duas fuselagens deverá voltar aos céus em breve.
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