O palco é perfeito: a Base Aérea de Edwards, onde várias aeronaves revolucionárias voaram. Seus criadores são nada menos que a equipe “Skunk Works”, da Lockheed Martin, célebre por ter materializado aviões-espiões como o U-2 e o SR-71 Blackbird. No entanto, a primeira aparição pública do “Darkstar”, durante um show aéreo neste final de semana, não passará de uma grande encenação.
O avião em questão, como muitos sabem, é apenas uma maquete de um suposto jato hipersônico usado pelo ator Tom Cruise no filme “Top Gun: Maverick”, que foi uma das maiores bilheterias de 2022.
A fama da aeronave fictícia, no entanto, ultrapassou os limites da tela a ponto de o Darkstar virar atração do Aerospace Valley Open House, um show aéreo que ocorre nos dias 15 e 16 na famosa área de testes no deserto da Califórnia.
Imagens da maquete foram vistas ao lado de um SR-71 Blackbird, este bem real, possibilitando até mesmo notar alguma semelhança entre eles, a despeito da diferença de idade.
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Mas o que faz uma ideia sem grande compromisso com a realidade fazer tanto sucesso? Um dos motivos certamente está no fato de o modelo do Darkstar ser muito detalhista. A aeronave (ops) consegue até mesmo ser levada por um trator e suas superfícies conseguem convencer que se trata de algo capaz de voar, segundo quem o viu de perto.
Outra possível razão é que há muitos anos os fãs de aviação esperam por uma nova aeronave espetacular e que determine uma nova era tecnológica. A ideia de um avião hipersônico misterioso é acalentada desde os anos 70, quando o Blackbird estava em seu auge. Afinal de contas, seria a coisa lógica a fazer após conceber um jato capaz de voar a Mach 3.5.
No entanto, os rumores de que a Força Aérea dos EUA desenvolvia esse superavião ficaram apenas nisso, a despeito de vez ou outra surgirem supostas provas da existência do projeto “Aurora” ou do “SR-72”.
Estrondo sônico de verdade
Por mais palpável que o Darkstar possa ser, a verdade é que mesmo para um projeto dos Skunks Works, o avião hipersônico soa como um engodo. Uma aeronave hipersônica não poderia ser tão pequena, dizem alguns observadores.
Para realizar suas missões seria preciso um alcance bastante grande e as dimensões modestas do avião de Tom Cruise não permitiriam que ele pudesse ir muito longe.
No fim, o avião de mentirinha parece mais uma releitura do Blackbird do que uma autêntica sugestão da Lockheed Martin de como seria uma aeronave hipersônica real.
Para os felizardos que conseguirem comparecer à Edwards neste fim de semana, após 13 anos do último show aéreo, ao menos uma experiência será bastante real: ouvir o estrondo da quebra da barreira do som, algo que a base aérea pode se dar ao luxo de proporcionar aos espectadores.