Embora tenha deixado de ser acionista da Gol após anunciar sua sociedade com a rival LATAM, a Delta Air Lines enfrenta uma situação delicada com a ex-parceira. A empresa dos EUA é fiadora da companhia aérea brasileira num empréstimo de US$ 300 milhões (quase R$ 1,68 bilhão em valores atuais) e que deverá ser pago na próxima segunda-feira, 31 de agosto.
Segundo agências de classificação de risco, a Gol não deve honrar o compromisso, o que faria com que a Delta fosse obrigada a arcar com o pagamento da dívida.
Por conta da grave crise no setor aéreo devido a pandemia do novo coronavírus, ambas as empresas estão tendo prejuízos diários, de US$ 27 milhões no caso da Delta. Já a Gol tem queimado suas reservas de caixa num ritmo veloz e é considerada com alto risco de inadimplência por analistas financeiros.
Segundo a Reuters, a Gol pode não ter dinheiro suficiente no dia 31 de agosto para quitar a dívida. Não se sabe se a empresa está em negociações com seus credores para postergar o pagamento já que nem Gol nem Delta aceitaram falar sobre o assunto com a agência. A Gol aguarda um empréstimo de R$ 2 bilhões do governo brasileiro há meses, mas a negociação ainda não está concluída.
Sócios em dificuldades
Para a Delta, é mais um dissabor em sua atuação na América Latina. A companhia aérea com sede em Atlanta é sócia da Aeromexico e da LATAM, ambas em concordata. A empresa norte-americana controla 20% da transportadora sediada no Chile a 49% das ações da maior empresa aérea do México.
O receio no mercado é que essa participação seja diluída no intuito de receber a injeção de recursos para mantê-las vivas enquanto a demanda de passageiros não volta aos níveis normais.
A Gol tem liderado a retomada do movimento de voos domésticos no Brasil desde julho e garante que sua situação para enfrentar as turbulências atuais é tranquila. Em declarações recentes, executivos da companhia aérea revelaram que pretendem chegar a 80% da malha de voos até dezembro.
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