Outro caça veterano voltou a chamar a atenção da Força Aérea dos EUA em meio aos problemas com o programa F-35. Trata-se do F-16 Fighting Falcon, ou “Viper” para os pilotos da USAF.
A versátil aeronave da Lockheed Martin, que está em serviço nos EUA desde 1978, nunca deixou de ser produzida, mas após 2017 só tem sido adquirida por clientes no exterior. Nesse ínterim, o projeto evoluiu consideravelmente, de um caça leve para uma plataforma multimissão extremamente capaz.
É justamente esse potencial que está sendo observado pelo Pentágono, conforme revelou a Aviation Week recentemente em entrevista com Will Roper, ex-secretário assistente da Força Aérea para aquisição, tecnologia e logística, que deixou o cargo no fim da administração Trump. “Quando você olha para a nova linha de produção do F-16 na Carolina do Sul, esse sistema tem alguns recursos aprimorados maravilhosos que vale a pena pensar como parte de nossa solução de capacidade”, afirmou o oficial antes de ser exonerado.
Desenvolvido pela General Dynamics para a concorrência com o YF-17 Hornet (avião que deu origem ao F/A-18 Hornet), da Northrop, o F-16 acabou vencedor e acumulou nesse período 2.231 aeronaves entregues à USAF, a última delas em 2005. Até hoje, mais de 1.300 caças continuam na ativa e devem permanecer operacionais até 2048 por meio do programa de extensão de vida SLEP (Service Life Extension Program).
Entretanto, a USAF tem sofrido com a renovação da frota de aviões de combate por conta de atrasos no programa F-35 e sobretudo porque o novo caça stealth tem um alto custo por hora de voo, de cerca de US$ 34.000, valor que a Lockheed Martin prometeu reduzir para US$ 25.000 até 2025.
Por conta da transição lenta entre os velhos caças não furtivos para o F-35, a Força Aérea resolveu encomendar outro velho conhecido, o F-15 em sua variante EX. O acordo anunciado em 2020 possibilita aos EUA adquirirem até 144 unidades da aeronave da Boeing.
Parte do motivo da volta do “Eagle” está na sua comprovada capacidade, mas também numa mudança no cenário tático, graças ao advento dos mísseis hipersônicos. “Vale a pena pensar no F-15EX. Ele não tem capacidade de penetração, mas pode carregar muitas armas, incluindo hipersônicas, o que torna seu papel potencialmente diferente”, explicou Roper.
Bloco 70/72
O F-16 é operado atualmente por cerca de 30 países e continua a disputar contratos pelo mundo na variante Bloco 70/72. Segundo a Lockheed, o caça possui uma estrutura 50% mais durável que os F-16 antigos, com 12.000 horas de vida útil. Seu radar APG-83 é do tipo AESA (radar de varredura eletrônica ativa), além de ser equipado com cockpit aprimorado, tanques de combustível conformais, sensor de busca IRST, navegação por GPS de precisão e um sistema automático anti-colisão (Auto GCAS).
O Bahrein se tornou cliente da nova versão ao encomendar 16 aeronaves em 2018, que serão produzidos em Greenville, na Carolina do Sul, na nova linha de produção da Lockheed Martin, substituindo a planta de Fort Worth, no Texas, que montou o F-16 desde os anos 1970.
Segundo a AW, sob a diretriz do ex-secretário assistente, a USAF reduziu as encomendas do F-35A de mais de 1.700 aeronaves para 1.050 caças sob o argumento de que seria melhor ter mais sistemas confiáveis do que aviões modernos mas que ainda não foram testados no limite.
A possível aquisição do F-16, não por acaso também fabricado pela mesma empresa do F-35, poderá surgir no orçamento do ano fiscal de 2023 do Pentágono, junto ao F-15EX e também ao misterioso caça NGAD, cujo avião-conceito voou pela primeira vez em setembro.
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