Desaer anuncia fábrica em Araxá (MG)

Atividades na nova sede da Desaer em Minas Gerais serão iniciadas no primeiro semestre deste ano
Desaer ATL-100
ATL-100: Desaer quer aproveitar o nicho de mercado abandonado pela Embraer com o fim do Bandeirante (Divulgação)

A DESAER Desenvolvimento Aeronáutico, atual “vizinha” da Embraer em São José dos Campos (SP) vai mudar de casa em breve. A empresa confirmou ao Airway em primeira mão que está montando uma nova instalação em Araxá (MG), a 366 km de Belo Horizonte.

A sede no estado de Minas Gerais, inserida no aeroporto Aeroporto Romeu Zema, vai concentrar as atividades da parte administrativa e de engenharia da família de aeronaves ATL da DESAER. A mudança das equipes para a nova base será realizada ainda no primeiro semestre deste ano e as obras para erguer a fábrica começam na segunda metade de 2021.

De acordo com a fabricante, a cadência de produção inicial da unidade em Araxá será de quatro aeronaves por mês e a planta deve gerar cerca de 1.250 empregos diretos e indiretos da região. O primeiro produto da DESAER é o ATL-100, um bimotor turboélice utilitário com aplicações civil em militar.

“Estamos orgulhosos em construir nossa Unidade Araxá da DESAER que vem agregar força à indústria aeronáutica brasileira, realizando investimentos, desenvolvimento tecnológico e inovação, gerando novos empregos e, desta forma, contribuindo para o desenvolvimento do Estado de Minas Gerais”, afirmou Evandro Fileno, Diretor-Presidente da DESAER.

O empreendimento da fábrica terá 96.570 m2 de área construída, representando um investimento inicial de US$ 80 milhões e que pode alcançar o patamar de US$ 120 milhões em 2023.

A mudança da DESAER para Araxá é viabilizada pela Prefeitura de Araxá com apoio do Governo de Minas Gerais, através da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (CODEMGE) e do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG).

A aeronave poderá carregar cerca de 2.500 kg em cargas (Divulgação)
A aeronave poderá transportar cerca de 2.500 kg de carga (Divulgação)

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo de Araxá, Juliano Cesar da Silva, viabilizar a entrada da DESAER na cidade favorece não apenas a economia local, como também o desenvolvimento tecnológico. “Agradecemos a escolha da cidade para receber tamanho investimento. É um marco para o município ter um grande investidor, sobretudo, na área de inovação, que é uma das apostas da atual administração como forma de atrair novas empresas e estimular a qualificação da mão de obra local.”

Projeto luso-brasileiro

Em desenvolvimento desde 2018, o ATL-100 é um turboélice utilitário (ou “commuter”, em inglês) de pequeno porte e não pressurizado com capacidade para 19 passageiros ou 2.500 kg de carga. O avião ainda é projetado com uma rampa traseira e trem de pouso fixo reforçado, ideal para operações em pistas curtas e não pavimentadas.

O modelo é projetado para voar a velocidade máxima de 430 km/h, com média de cruzeiro de 380 km/h, e terá uma autonomia em torno de 1.600 km, ou cerca de 570 km totalmente carregado.

O projeto da empresa brasileira é uma rara novidade numa categoria que não recebe um produto inédito há muitos anos. Alguns dos principais competidores desse nicho, embora alguns já tenham saído de linha, são o DHC-6 Twin Otter, Dornier D228 e até o Embraer Bandeirante.

A versão militar do ATL-100 é proposta para transportar 12 soldados paraquedistas com equipamento completo, capacidade semelhante a do Bandeirante (Divulgação)
A versão militar do ATL-100 é proposta para transportar 12 soldados paraquedistas com equipamento completo, capacidade semelhante a do Bandeirante (Divulgação)

De acordo com a DESAER, o primeiro voo de teste com o ATL-100 deve acontecer em meados de 2023 e o início das entregas é previsto para 2026. O preço unitário do avião é estimado em cerca de US$ 5,5 milhões.

No ano passado, a DESAER formou uma joint venture com o Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA) de Portugal para desenvolver e fabricar o ATL-100. O CEiiA é o principal centro tecnológico português, com projetos nas áreas de mobilidade, incluindo a participação no programa KC-390 da Embraer.

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  1. MAIS UM PERDA DO ESTADO DE SÃO PAULO PARABENS MINAS GERAIS AO SEU GOVERNADOR QUE TEM AMOR AO ESTADO

  2. Boa tarde. Fiquei MUITO curioso. Em outubro de 2020 a mesma fábrica, com investimento de mais de 160 milhões de dolares foi anunciada em Ponte de Sor na região do Alentejo em Portugal. Fiz outra consulta em midia local e o projeto se encontra em andamento. Não me parece estratégia ou planejamento industrial coerente iniciar dois projetos idênticos com os mesmos objetivos em paises diferentes e com financiamentos diferentes. Como exemplo, se a Mercedes Benz tivesse implementado duas fabricas idênticas para montagem de seu modelo popular , uma em Juiz-de-Fora (Brasil) e outra em Lisboa (Portugal), o fracasso e o prejuízo seriam em dobro. Gostaria que o reporter nos esclarecesse esta inovação na Gestão de Projetos e suas justificativas. Vou poder atualizar meus conhecimentos.
    https://www.publico.pt/2020/10/22/economia/noticia/fabrica-ponte-sor-vai-produzir-aeronaves-ligeiras-criar-1200-empregos-1936255
    https://www.mediotejo.net/ponte-de-sor-aeronaves-ligeiras-vao-ser-produzidas-no-aerodromo-municipal-projeto-cria-cerca-de-800-postos-de-trabalho/

  3. Complementando meu comentário anterior (espero que seja publicado), acessei o site da CODEMGE e simplesmente não existe noticias sobre o tema, no campo de buscas com as palavras DESAER-ARAXA nada é encontrado. Uma noticia desse porte deveria estar lá contemplada.

  4. Meu comentário não foi publicado. Para os incautos: este site divulgou a mesma fábrica estabelecida em Portugal, Ponte de Sor, região do Alentejo, em outubro de 2020. Uma pesquisa rápida irá revelar que em associação com uma empresa local estão previstos 160 milhões de dólares de investimento, para total desenvolvimento em solo português. Não consta que o projeto tenha sido cancelado. Gostaria que fosse esclarecido como é possível obter financiamento em duplicidade para produzir a mesma aeronave em dois países diferentes e quase ao mesmo tempo.

  5. Ao caro José Negromonte: isso de Desaer me parece SCAM desde a primeira vez que vi, igual à NOVAER e antes a REKKOF, tudo artimanha e desenho bonitinho para extrair dinheiro do PAGADOR DE IMPOSTOS.

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