Desaer confirma primeiro pedido pelo ATL-100

Aeronave utilitária ainda em desenvolvimento foi encomendada pela AGS Logística
Desaer ATL-100
ATL-100: Desaer quer aproveitar o nicho de mercado abandonado pela Embraer com o fim do Bandeirante (Divulgação)
A versão comercial do ATL-100 tem espaço para até 19 passageiros (Divulgação)
A versão comercial do ATL-100 tem espaço para até 19 passageiros (Divulgação)

Fabricante “vizinha” da Embraer em São José dos Campos, a Desaer confirmou nesta semana durante a feira de aviação executiva Labace, em São Paulo, o primeiro cliente para o bimotor ATL-100. O avião ainda em fase inicial de desenvolvimento foi encomendado pela AGS Logística, que assinou um contrato de intenção de compra para duas aeronaves com opção para mais três.

“A AGS é uma empresa que transporta cargas sensíveis. Cerca de 80% de nossos negócios giram em torno da aviação. Com o ATL-100 vamos conseguir atender mais localidades por todo o Brasil, em especial aeroportos sem grande infraestrutura, e em menor tempo”, disse Alexandre Gulla, CEO e fundador da AGS Logística, ao Airway.

A empresa de logística vai operar a versão cargueira do ATL-100, que é projetada para transportar até 2.500 kg de carga. “A aeronave tem características únicas nesse segmento, como é o caso da porta traseira com uma rampa de acesso. Isso facilita a operação de carga e descarga em aeroportos poucos estruturados, pois não exige equipamentos de solo especiais”, explicou à reportagem Evandro Fileno, sócio diretor da Desaer.

O ATL-100 é um avião da categoria “Commuter”, também chamados no Brasil de “aviões-utilitários”. Por definição, esse é um segmento restrito a aeronaves com motores turbo-hélice, capacidade para até 19 passageiros, peso máximo de decolagem em torno de 8.600 kg e sem cabine pressurizada.

O projeto da Desaer ainda inclui algumas características que aumentam a performance e as possibilidade operacionais da aeronave, como a asa alta e o conjunto de trem de pouso fixo. Esses componentes são ideais para aviões desenvolvidos para exercer trabalhos pesados, como pousar e decolar a partir de pistas semi-preparadas de terra ou grama – ou mesmo locais sem pista alguma.

Formada por ex-funcionários da Embraer, a Desaer está instalada na Incubaero, uma incubadora de empresas e projetos aeronáuticos da Fundação Casimiro Montenegro Filho, no DCTA – Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial. O plano da empresa é transformar o ATL-100 em realidade nos próximos quatro anos.

O mocape exposto na Labace adianta um pouco como será o ATL-100 (Airway)

“Vamos iniciar a construção do primeiro protótipo em 2021, o que deve demorar algo em torno de seis meses para ser concluído. Em seguida vem a fase de certificação com a ANAC, que pode levar até dois anos”, antecipou o sócio diretor da Desaer, que estima o custo do projeto do ATL-100 em cerca de US$ 80 milhões.

O avião

O nome ATL-100 é uma sigla para “Avião de Transporte Leve”. Segundo dados da fabricante, o modelo é projetado para voar a velocidade máxima de 430 km/h (e cruzeiro de 380 km/h) e terá uma autonomia de aproximadamente 2.000 km (ou cerca de 570 km totalmente carregado). A aeronave também já tem preço: US$ 5,5 milhões (R$ 21,3 milhões).

Substituto para o Embraer Bandeirante

A versão militar do ATL-100 é proposta para transportar 12 soldados paraquedistas com equipamento completo, capacidade semelhante a do Bandeirante (Divulgação)
A versão militar do ATL-100 é proposta para transportar 12 soldados paraquedistas com equipamento completo, capacidade semelhante a do Bandeirante (Divulgação)

Um dos objetivos da Desaer é atuar em mercado que foram abandonados pela Embraer no passado. Seguindo essa linha, a empresa garante ter o produto ideal para substituir os antigos Embraer Bandeirante em serviço com a Força Aérea Brasileira (FAB).

“Os Bandeirantes da FAB devem atingir o limite operacional a partir de 2022 e logo vão precisar de um substituto. O ATL-100 pode muito bem entrar no lugar dele e oferecendo uma performance superior, por se tratar de um projeto mais moderno”, finalizou Filemo.

Veja mais: FAB deve receber primeiro KC-390 da Embraer em setembro

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  1. Brasileiros continuam mostrando que aviação é com a gente mesmo! Projeto brilhante, realista, inovador. Vamos torcer para dar certo!

  2. NOSSA AVIAÇÃO EXECUTIVA DE PEQUENO PORTE. ESTA ABANDONADA A MAIS DE 30 ANOS. SOMOS OBRIGADO A CONFIRMAR…ALGUNS SENECAS AINDA SAO USADOS POIS NAO EXISTE POÇÕES DE AERONAVES BRASILEIRA. AINDA ESPERO VOAR ESTAS MÁQUINAS QUE TENTAM PASSAR PELA BUROCRACIA DOS ÓRGÃO REGULADOR.

  3. É uma pena que o projeto do AX-2 Tupã não foi para frente. Mas também, dependia de financiamento público e a Embraer a processou por “concorrência desleal”, acabou indo pro buraco mesmo. Grande pena!

  4. Acho meio difícil isso aí sair do papel. com gigantes no mercado essa Desaer uma empresa com capital de 2.000 reais? não me façam rir isso aí está mais cheirando à golpe pois fazem o lançamento forjam alguns contratos e ai pegam um empréstimo generoso com o BNDES e somem do mapa com todo dinheiro e já era. Alguém lembra da industria de carros EMME? vamos ver os próximos capitulos dessa novela……

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