Desastres da Ethiopian e Lion Air têm “semelhanças claras”, aponta governo etíope

Acidentes com dois jatos Boeing 737 MAX 8 em menos de seis meses deixaram 346 mortos
(Boeing)
Pilotos da Etiopian Airlines teriam dormido a perdido aproximação de pouso em Adis Abeba (Boeing)
(Boeing)
Após o acidente da Ethiopian Airlines, todos os 737 MAX foram aterrados (Boeing)

A análise das caixas pretas do Boeing 737 MAX 8 da companhia Ethiopian Airlines que caiu no último dia 10 de março na Etiópia mostra “semelhanças claras” com o acidente envolvendo o mesmo tipo de aeronave da companhia indonésia Lion Air, em outubro do ano passado, anunciou a ministra de transportes da Etiópia, Dagmawit Moges.

“Durante a investigação foram encontradas semelhanças claras entre o voo 302 da Ethiopian Airlines e o voo 610 da Lion Air”, declarou a ministra em conferência de imprensa, realizada em Adis Abeba, no domingo (17).

Dagmawit não detalhou quais eram as semelhanças entre os desastres, indicando apenas que o relatório preliminar sobre as causas do acidente com o jato da Ethiopian Airlines será divulgado em 30 dias.

As caixas pretas (gravador de voz e gravador de dados de voo) do 737 MAX 8 que caiu em Adis Abeba foram enviadas para a França, onde estão sendo analisadas pela autoridade de aviação civil do país. O comitê etíope que estuda o acidente recusou-se a enviar os equipamentos para os Estados Unidos sob a justificativa de que os interesses dos norte-americanos poderiam interferir na investigação.

Normalmente, quando ocorre um acidente com um avião da Boeing em países que não possuem equipamentos específicos para leitura de caixas pretas, esses equipamentos são enviados para análise nos EUA.

O avião da Ethiopian Airlines caiu poucos minutos após ter decolado de Adis Abeba em direção a Nairóbi, no Quênia. A situação é muito parecida com a queda do 737 MAX 8 da Lion Air, que também caiu logo depois de ter levantado voo. Não houve sobreviventes nos dois acidentes, que somados deixaram 346 mortos.

Após o segundo acidente com um 737 MAX 8, a Boeing ordenou o aterramento de todas as aeronaves da nova série em todo mundo. Ao todo, 371 aeronaves (modelos MAX 8 e MAX 9) foram estacionados. No Brasil, a paralisação envolve sete jatos recém-adquiridos pela Gol.

Sistema automático pode ser o vilão

A principal suspeita entre os dois acidentes recentes com o 737 MAX é de que pode existir algo errado com o software de controle de voo da aeronave, o MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System). Trata-se sistema automático que ajuda os pilotos a baixar o nariz do avião em caso de ângulos e ataque elevado.

O MCAS surgiu como uma forma de compensar a tendência de levantar o nariz em algumas situações de voo do 737 MAX. Para tornar o avião mais econômico, a Boeing precisou modificar a posição dos motores, que são maiores do que antes. A solução foi levar o motor para uma posição mais à frente e elevada além de “esticar” o trem de pouso em 20 cm, mas a alteração teve como efeito colateral uma situação de instabilidade em certos perfis de voo. Relatos de pilotos nos EUA afirmam que o 737 MAX apresentou um comportamento estranho após a decolagem, com o piloto automático ligado.

Veja mais: Boeing suspende entregas do 737 MAX

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