Discretas e com muito a melhorar, MAP e Passaredo estreiam em Congonhas

Passaredo e MAP iniciaram atividades no aeroporto mais disputado do Brasil com voos para sete destinos
ATR 72-600 “Bem-te-vi” da Passaredo estacionado na área auxiliar em Congonhas (Thiago Vinholes)
ATR 72-600 “Bem-te-vi” da Passaredo estacionado na área auxiliar em Congonhas (Thiago Vinholes)

As telas com horários de voos em Congonhas amanheceram mais coloridas nesta segunda-feira (28) com a adição das companhias Passaredo e MAP Linhas Aéreas. Ainda aprendendo os detalhes do aeroporto paulistano, a dupla estreou no terminal com trechos para sete destinos nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul.

Passaredo e MAP Linhas Aéreas conseguiram o acesso em Congonhas depois de herdarem 26 slots no aeroporto que pertenciam à Avianca Brasil (outros 15 slots foram para a Azul), hoje fora do mercado. Mais adiante, a empresa de Ribeirão Preto, que agora prefere ser chamada de VoePass, comprou a MAP e assumiu os horários da ex-concorrente no terminal.

A Passaredo/MAP tem 26 voos diários em Congonhas para Ribeirão Preto, Bauru, Marília e Araçatuba no estado de São Paulo, além de Uberaba (MG) e Dourados (MS) – o voo para Macaé (RJ) foi cancelado. A maior parte das frequências do grupo é realizada por aeronaves da Passaredo, turbo-hélices ATR 72 (modelos -500 e -600). Aviões da MAP, modelos ATR 72 mais antigos (modelo -200), estão nos trechos para Ribeirão Preto e Bauru e são responsáveis pelos voos para Dourados.

Outra novidade em Congonhas é a TwoFlex, empresa que recebeu autorização da ANAC para operar na pista auxiliar. Experimentando uma nova modalidade de mercado, a empresa lançou voos diários em monomotores Cessna Grand Caravan para Barretos e Franca e criou sua própria ponte aérea Rio-São Paulo, mas com destino no aeroporto de Jacarepaguá, na região da Barra da Tijuca.

A convite da Passaredo/MAP, o Airway embarcou no primeiro voo das empresa em Congonhas – na verdade, uma reestreia da Passaredo no aeroporto. “Voltamos a Congonhas após mais de 20 anos. É um momento muito importante para a Passaredo e uma grande oportunidade de participar desse grande mercado”, disse Eduardo Busch, CEO da VoePass, que logo em seguida cortou a fita comemorativa no portão de embarque do voo para Ribeirão Preto.

Passaredo

A Passaredo separou seu melhor avião para estrear em Congonhas, o ATR 72-600 “Bem-te-vi” (PR-PDL), um dos mais recentes na frota da empresa. A aeronave com passageiros proveniente de Ribeirão Preto e já com a nova marca VoePass na fuselagem foi recebida no aeroporto em São Paulo às 8h10 no domingo (27) com o tradicional batismo dos caminhões de bombeiros.

A festa na área de embarque, porém, foi mais discreta, apenas com a presença da imprensa e alguns poucos passageiros. Muito “baixinho”, o ATR 72 da Passaredo não alcança os braços de acesso no terminal principal, por isso o embarque e desembarque é realizado de ônibus na área auxiliar de Congonhas.

O voo de volta para Ribeirão Preto decolou de Congonhas por volta das 9h50. Essa era apenas a primeira frequência da companhia nesse dia para o seu “hub” no interior. Ao todo, a Passaredo lançou quatro voos diários para Ribeirão Preto, sendo um deles realizado com código e aeronave da MAP, que falaremos mais adiante.

Com interior impecável, o ATR 72-600 da Passaredo leva 68 passageiros com espaço de sobra para as pernas em todos os assentos. É aquele tipo de avião que inspira o ocupante a elogiar a empresa nas redes sociais e recomendar aos amigos. Cabine limpa, bancos de couro, bins com boa capacidade de bagagem, comissários atenciosos… A companhia realmente caprichou no Bem-te-vi.

O serviço de bordo da Passaredo inclui bebidas e salgadinhos (Thiago Vinholes)

O voo para Ribeirão Preto durou cerca de uma hora e transcorreu com céu limpo e sem maiores balanços. Claro que voar em aviões turbo-hélice é sempre uma experiência diferente, com uma chacoalhada a mais aqui e outra lá, mas nada comprometeu o conforto no trecho. Além do mais, aviões desse tipo voam mais baixo comparado aos jatos e assim os passageiros têm uma vista privilegiada do exterior durante a viagem.

Depois de pousar no Aeroporto Doutor Leite Lopes em Ribeirão Preto, o ATR da Passaredo com os primeiros passageiros de Congonhas levou mais um “banho”. Como manda a tradição na aviação, lançamentos de novos voos ou estreias e despedidas de um avião em aeroportos são celebradas com um portal de jatos d’água lançados por caminhões de bombeiros.

Avião com cabine impecável: ATR 72-600 da Passaredo (Thiago Vinholes)

As passagens da Passaredo/MAP no trecho entre Congonhas e Ribeirão Preto têm preços razoáveis, em torno de R$ 230 e R$ 285, embora possam superar os R$ 500 em compras no dia do voo. Esses valores são comparáveis com os da LATAM, que também opera quatro voos diários em Ribeirão com jatos Airbus A320 a partir do aeroporto central de São Paulo.

MAP estreia com problema

Aquele mesmo passageiro que pode elogiar a Passaredo por seu ótimo voo no ATR 72-600 certamente não vai gostar de voar com a MAP Linhas Aéreas. Isso se o avião conseguir sair do chão.

O retorno da imprensa para Congonhas, marcado para às 15:45, seria realizado com uma aeronave da MAP Linhas Aéreas, o ATR 72-200 com matrícula PR-MPY. Após alguns minutos de atraso, a empresa liberou o embarque dos passageiros.

Logo na porta do avião já estava de prontidão uma comissária segurando uma bandeja com copos d’água e gelo. Fazia muito calor em Ribeirão e isso esquentou demais cabine do ATR da MAP, que havia ficado muito tempo parado. Era possível escutar o sistema de ventilação funcionando em capacidade máxima, mas tudo que eles faziam era soprar ar quente e o resultado era inútil.

O PR-MPY é operado pela MAP desde 2011 e vinha servindo em voos na região Norte (Thiago Vinholes)

Além do calor a bordo, nos deparamos com uma cabine deplorável. Ao contrário do confortável ATR 72-600 da Passaredo, o interior do avião da MAP deixa muito a desejar. Bancos manchados e quebrados, mesinhas totalmente desgastadas, bins repletos de sujeira, toalete sujo… Uma lista enorme de problemas que parecia não ter fim.

O PR-MPY foi fabricado pela ATR em 1998 e voa com a MAP desde 2011. Nesses mais de 20 anos de serviço, o avião nunca passou por uma atualização. Uma boa limpeza ajudaria, mas a quantidade de componentes quebrados pelo interior exige um cuidado maior.

Terminado o embarque, mais demora e muito calor a bordo. Ainda no portão de embarque, os motores do avião foram ligados e desligados seguidas vezes. Enquanto isso as comissárias cruzavam o corredor do ATR servindo mais água com gelo para tentar aliviar o calor dos passageiros, que nesse ponto já usavam os cartões de segurança como abanadores.

O ATR 72-200 da ATR tem a cabine bastante desgastada (Airway)

Após testar os motores, o comandante anunciou a saída para decolagem e o avião começou a ser tratorado para a pista, mas isso não durou nem um minuto. O motor do lado direito foi desligado (bimotores turbo-hélice normalmente acionam apenas um motor para taxiar) e a tripulação imediatamente avisou que por questões de segurança o voo seria cancelado. Fim de experiência com a MAP.

Parte da imprensa embarcou no trecho da Passaredo para São Paulo logo em seguida, mas com destino ao aeroporto de Guarulhos. A viagem que deveria ser prática e economizar tempo acabou sendo uma dor de cabeça e consumiu um domingo inteiro.

*Nota do editor: erramos ao informar que o voo de ida para Ribeirão Preto com a Passaredo foi realizado no ATR 72-600 com matrícula PR-DPA. O prefixo correto da aeronave era PR-PDL.

Veja mais: Embraer E195-E2 estreia no aeroporto de Congonhas

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  1. Bem, pelo visto os ATRs da MAP precisam ser retirados de serviço para boa imagem da empresa e qualidade de serviços. Ou passar por um up grade que os deixem (interiormente) no nível dos 600. Urgente.

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