Uma das propostas de fusão mais controversas da aviação comercial teve um fim melancólico nesta quinta-feira, 1º de agosto.
A IAG, holding que controla a British Airways e a Iberia, entre outras, anunciou que desistiu de adquirir a Air Europa, citando que as condições que Comissão Europeia exigiu para aprovar a fusão não tornariam viáveis manter a proposta.
A holding pagará para a Globalia, proprietária da Air Europa, US$ 53,9 milhões como multa, mas continuará sócia de 20% da empresa, ações que foram adquiridas em 2022.
A fusão entre as duas maiores operadoras espanholas acendeu o alerta dos reguladores europeus para o monopólio delas nas rotas entre Espanha e América Latina.
De acordo com a consultoria CAPA, a Iberia detém 39% do mercado entre as duas regiões, seguida pela Air Europa com 21%, enquanto as duas concorrentes mais próximas, Avianca e LATAM, têm 8% do mercado cada. E em muitas rotas a Iberia ou a Air Europa são as únicas operadoras, como Madri-Rio de Janeiro e Barcelona-Santiago.
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A proposta de fusão surgiu em outubro de 2019 e no ano seguinte a IAG desistiu do acordo devido à pandemia da COVID-19. Posteriormente as conversas foram retomadas, e a IAG transformou US$ 100 milhões de debêntures em ações da Air Europa.
Para convencer a aprovação da fusão, a IAG propôs ceder 40% das rotas operadas pela Air Europa em 2023 para a concorrência. Posteriormente aumentou a oferta para 52%, mas a Comissão Europeia exigiu que fosse repassado 58%, percentual que tornaria a fusão desvantajosa, segundo fontes ligadas as negociações.
Como parte da proposta de fusão, a IAG até permitiu que as concorrentes solicitassem os slots, em vez da holding oferecer para empresas específicas.
A única proposta foi da Avianca com a Volotea, que anunciaram no dia 25 de junho uma joint-venture para operar voos em conjunto a partir de Madri. Horas depois do fim das negociações entre IAG e Air Europa, as duas empresas anunciaram que não seguirão em frente com a joint-venture.
Movimento de fusões na Europa deve prosseguir
Com o fim melancólico da fusão, o jogo da consolidação aérea na Europa volta à mesa. A Air Europa não possui força financeira para concorrer com a IAG, Air France-KLM e Lufthansa no mercado de longo curso, e com os trens e as empresas low cost, low fare dentro da Europa.
O CEO da IAG, Luis Gallego, insinuou que o próximo passo do grupo anglo-espanhol, com ou sem a Air Europa, seria uma empresa da América do Sul.
A privatização da TAP é um dos campos de batalha entre os três grandes grupos europeus, pela malha da empresa portuguesa para o Brasil e África. Sem a Air Europa, os olhos da IAG podem voltar para a TAP agora.
Com a associação entre Air France-KLM e a SAS, Lufthansa com a ITA Airways e a Grupo ABRA (Avianca e Gol) com a Wamos, podemos esperar mais movimentações e reviravoltas no mercado Europa-América Latina.