A Azul e o Grupo Abra, que controla a Gol, anunciaram nesta quarta-feira, 15, a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU na sigla em inglês) para avaliar a união de seus negócios no Brasil.
As duas empresas são a terceira e segunda maiores do país, atrás da LATAM, mas a combinação de suas operações sob uma corporação única formaria a maior companhia aérea brasileira e uma das maiores da América.
Endividadas, Azul e Gol já conversam há quase um ano, estudando formas de otimizar suas operações em meio a dificuldades com arrendadores, taxa de câmbio e outros custos crescentes.
Segundo a Azul, ao MoU inclui acordos de governança e estrutura de capital, mas prevê a manutenção da identidade comercial de cada marca, assim como seus Certificados de Operador Aéreo (AOC).
“Essa combinação de forças proporcionaria a oportunidade de fortalecer o setor, aumentando o número de voos oferecidos, alcançando mais de 200 cidades atendidas no Brasil e a capacidade de competir em um setor altamente globalizado”, disse o CEO da Azul, John Rodgerson.
90% de rotas complementares
O plano agora é buscar um consenso entre a Abra e a Azul em relação aos termos ecomômicos, realização de due dilligence e por fim a assinatura de um acordo definitivo.
A corporação a ser criada para gerir as duas empresas aéreas teria um corpo diretivo com nove representantes, três da Abra, três da Gol e três independentes.
Com o projeto definido, viria então a fase de aprovações regulatórias a fim de materializar sinergias entre as malhas aéreas e frotas de aeronaves.
As duas empresas alegam ter quase 90% de rotas complementares, já adiantando um dos possíveis questionamentos sobre a fusão. Juntas, Azul e Gol teriam dois terços do mercado de aviação no Brasil, reduzindo drasticamente as opções para os passageiros.
Outro problema à vista é a falta de sinergia entre as aeronaves operadas por ambas. A Gol tem 137 Boeing 737, 52 deles da série MAX 8, já a Azul opera as famílias A320 e A330, da Airbus, além de uma ampla frota de jatos da Embraer e turboélices ATR, num total de 188 aeronaves.
Gol quer deixar o Capítulo 11 em maio
O Memorando de Entendimento depende sobretudo da situação da Gol, que no próximo dia 25 completará um ano sobre restruturação financeira nos Estados Unidos, o chamado Capítulo 11.
A empresa aérea apresentou um plano de negócios revisado para os próximos cinco anos em que afirma buscar finaciamento para arcar com US$ 1,87 bilhão de dívidas e assim viabilizar sua saída da concordata.
Para isso, a empresa oferecerá como garantia as marcas e propriedades intelectuais da companhia aérea, do programa de milhagem Smiles, slots de pouso e decolagem e pool de peças de reposição.
Ainda de acordo com a Gol, a expectativa é deixar o Capítulo 11 em maio.