E se a Boeing tivesse lançado o 787-3?

Versão de médio alcance do widebody acabou sendo abandonada durante o desenvolvimento, apesar do interesse das companhias aéreas japonesas
Ilustração do Boeing 787-3 (Divulgação)

Um substituto potencial para o 757 e o 767 em voos domésticos e de curto alcance. Assim deveria ter sido o Boeing 787-3, variante do widebody que chegou a ser encomendada pelas companhias aéreas japonesas JAL e ANA.

Dez anos depois de o Dreamliner entrar em serviço na All Nippon Airways, pilotos da companhia aérea realizaram uma entrevista com a imprensa especializada do país onde compartilharam os bastidores da introdução da aeronave.

Um dos tripulantes, o comandante Masami Tsukamoto, participou do desenvolvimento do 787 entre 2007 e 2009, após a ANA ser a cliente lançadora do jato com um pedido de 50 aviões em 2004.

Tsukamoto comentou a respeito do 787-3, que deveria substituir o 767 em rotas domésticas no Japão em configuração de alta densidade. “O 787-3 tinha a mesma envergadura que o 767, mas a Boeing nos disse que não poderia ser desenvolvido devido à economia de combustível insuficiente, então decidimos introduzir o 787-8 no mercado doméstico,” explicou.

Boeing 787-8 da All Nippon (Kentaro-Iemoto/Wikimedia)

Substituto para o 757 e 767

Embora tivesse o mesmo comprimento do 787-8 (57 metros), o 787-3 teria uma capacidade de assentos muito maior, entre 290 e 330 passageiros.

Sem a necessidade de realizar voos de longo alcance, a aeronave teria uma asa menor, com 52 metros de envergadura, e um peso máximo de decolagem (MTOW) de cerca de 165 toneladas contra 228 toneladas do 787-8.

Ilustrações da Boeing na época mostravam o 787-3 equipado com winglets nas pontas das asas a fim de conferir alguma economia de combustível.

Com uma autonomia estimada em 3.050 milhas náuticas (5.650 km), o 787-3 poderia ter sido uma opção para operar voos costa a costa nos EUA, mas a Boeing acabou ampliando a família Dreamliner “para cima”, com o 787-9 e o 787-10.

Hoje a aeronave passa por problemas de fabricação, embora tenha mais de mil unidades entregues desde 2011. E a Boeing tem sofrido com a falta de um produto capaz de fazer frente às boas vendas do Airbus A321neo.

Boeing 767-300ER da Delta (Aero-Icarus/Wikimedia)

No ano passado, rumores diziam que a Boeing poderia reconsiderar o 787-3 como uma alternativa ao NMA, um projeto nascido do zero para um jato acima do 737, mas cujo custo de desenvolvimento seria muito elevado.

Para torná-lo interessante, a fabricante investiria numa nova asa mais leve e num motor menos potente, porém econômico.

Certamente se existisse hoje o 787-3 seria uma aeronave atraente para substituir centenas de 757 e 767 que estão sendo ou já foram retirados de serviço. Será que ainda é tarde para isso?

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